Portugal viu o número de infeções por covid-19 cair quase 30% entre meio de julho e início de agosto. O mais recente relatório do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) mostra uma posição positiva para o nosso país.
Depois de atingido o pico de infeções na Europa, em meados de abril, as medidas de controlo da doença fizeram recuar os números. “À medida que os países recuperaram o controlo da transmissão e aliviaram a carga sobre [os sistemas] da saúde, muitas medidas foram relaxadas ou removidas para permitir um modo de vida mais viável com o vírus em circulação. Depois disso, um recente aumento de casos covid-19 foi relatado em muitos países da UE”.
O relatório compara com o último, de 20 de julho, reporta a dados de 2 de agosto e avalia 31 países europeus (os 27 membros da União Europeia mais o Reino Unido, Islândia, Liechtenstein e Noruega).
Contudo, dez países continuam a ter mais de 20 casos de infeção por cada 100 mil habitantes num intervalo de 14 dias. Desses, há dois com descidas superiores a 30%: Portugal e Suécia.
Já em Espanha, Bélgica, Luxemburgo, Malta, República Checa e Roménia os casos subiram em 30%. No caso de espanhóis, luxemburgueses e romenos, o valor de novas infeções por 100 mil habitantes está já acima das 60.
Avaliando o total europeu, há 26 países em que as infeções subiram e apenas cinco em que desceram: Croácia, Eslovénia e Letónia e os já mencionados Portugal e Suécia.
Estes valores mostram-nos que entre meio de julho e início de agosto, as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve contribuíram para a queda. No Norte, a pandemia ganhou mais força, enquanto nas regiões de Centro, Alentejo, Açores e Madeira, os números mantém-se estáveis.
Ainda assim, estes valores são insuficientes para colocar Portugal aos ‘bons olhos’ do Reino Unido. O país continua acima das 20 infeções por 100 mil habitantes. Esse valor está agora nos 28,4 casos por 100 mil habitantes.
O relatório da ECDC alerta que é preciso ter em conta que em alguns países, os testes passaram a ser feitos também em casos de infeções leves e assintomáticas, o que acelerou estas subidas e pode causar discrepância nos valores.
Quanto às mortes, vale lembrar que Portugal assistiu a uma queda de 33% dos óbitos, mas continua a ficar acima das cinco vítimas mortais por milhão de habitantes. A par do território português, Bulgária, Croácia, Roménia e Suécia são os países que mais contribuem para este valor, de forma negativa.
ALGARVE SERÁ UMA DAS ZONAS MAIS AFETADAS COM O AFASTAMENTO DO CORREDOR TURÍSTICO
O Algarve será uma das zonas mais afetadas pela decisão de exclusão do Reino Unido e prevê-se um espectro de desemprego. O mercado britânico tem uma dimensão representativa de três milhões de receitas em Portugal, principalmente na região algarvia, com um terço (cerca de seis milhões) dos turistas.
João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), afirmou em entrevista recente ao POSTAL que “têm sido meses bastante difíceis, como apontam os dados da procura ou do crescimento do desemprego”.
Contudo, as perspectivas podem inverter-se no “último quadrimestre [do ano], onde se espera que haja um indicador favorável de casos por 100 mil habitantes”. O presidente da RTA afirma que “analisando a segurança sanitária do país por outros indicadores, temos um retrato positivo. O indicador [dos casos covid-19 por 100 mil habitantes] não nos favorece”.
A esperança está agora nos mercados nacionais. Afirma João Fernandes, na mesma entrevista ao POSTAL, que “o Algarve tem vindo a recuperar alguma procura nacional, espanhola e alguns mercados para os quais conseguimos reatar ligações áreas. Estamos ligados a três cidades europeias. Alguns desses mercados como França, Holanda e a Alemanha, estão a ter boas taxas de ocupações dos aviões”.
Foi criada uma petição que pedia a inclusão de Portugal no corredor turístico com o Reino Unido. O documento já conta com mais de 30 mil assinaturas.