Em Portugal, ao longo de 13 anos, quase todos os jovens foram obrigados a ir para uma guerra sem sentido e no regresso foram abandonados pelo Estado até hoje.
A Liga de Combatentes e seus núcleos pelo país, bem como outros grupos de ex-combatentes, recordaram ao longo destas décadas, a precariedade de alguns dos ex-militares e o não reconhecimento pelos sucessivos governos do esforço e sofrimento de toda a sociedade com a chamada guerra do ultramar. Agora que essa juventude daquela época já está reduzida a menos de metade, o Estado ‘ofereceu’ o Cartão de Antigo Combatente e uma Insígnia, cujas ‘benesses’ não custam nada ao Estado. Claro que não podem ser oferecidas regalias a sério porque poderia faltar dinheiro para aumentar os ordenados dos políticos profissionais e não só.
Segui, durante algum tempo, grupos de ex-combatentes no faceboock. Os postes e comentários naqueles grupos mostram que os seus elementos continuam agarrados ao que sofreram naquela insidiosa guerra, tal como se tivessem agora vinte anos, na realidade têm mais de setenta anos. Também aí existiram ‘exigências’ aos sucessivos governos.
Todos os movimentos e reivindicações conduziram à oferta de uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Quem é que faz caso dos velhos veteranos sem qualquer poder reivindicativo? ‘Eles que morram mais depressa para aliviar o peso financeiro das reformas e pensões’, será este o pensamento dos políticos?
Nunca exigi nada para mim, mas exijo para muitos milhares de homens que necessitam, sempre precisaram, de ajuda, uns sem pernas, outros sem braços, cegos ou com mazelas interiores, mas o Estado assobia para o lado.
Houve uma certa euforia entre os ex-combatentes por o Estatuto do Antigo Combatente ter sido aprovado e publicado, fruto das reivindicações de alguns, resultado da criação de uma secretaria de estado para acalmar os veteranos, e aí está o resultado pretendido pelo governo, NADA.
Os grandes benefícios são: “Isenção das taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde” que já não existem, “Gratuitidade da entrada em museus e monumentos nacionais”, agora todos aqueles que vivem no interior podem ir visitar museus de borla, e “Gratuitidade do passe intermodal de transportes públicos das áreas metropolitanas e comunidades intermunicipais.” – ainda sem regulamentação, 27/07/2021 – Claro que é aí que está a maioria dos votos. Não brinquem com coisas sérias! Os ex-combatentes e suas famílias sofreram muito durante pelo menos dois anos.
Não é com o cartão de combatente que se compram os alimentos no mercado nem se melhora a saúde. Utilizem-no onde mais lhes aprover.
Actualmente têm surgido, em muitos concelhos, monumentos e homenagens àqueles que tombaram na guerra, ou que ficaram mutilados, ao serviço de interesses obscuros, era isso e muito mais que devia ter sido feito logo em 1974, mas ao nível nacional. O reconhecimento do sofrimento também liberta.
Paulo Portas, enquanto ministro da defesa, atribuiu o valor simbólico de 150 € anuais a todos aqueles que passaram pela guerra, independentemente da sua graduação, como era muito dinheiro, quem veio a seguir reduziu para 75 € e um pouco mais aos que eram graduados, em conformidade com a graduação militar, como se o sofrimento também tivesse graduação igual à graduação militar. Foi preciso ter pouca vergonha!
Devemos ter cuidado com os falsos defensores do Povo, da Igualdade, da Liberdade e do Socialismo.
Uma coisa são as conversas balofas de cordeiro, outra coisa é aquilo que é feito.