De tempos a tempos existem muitas queixas, de quem vive na área metropolitana de Lisboa, sobre os custos do passe em transporte publico e o tempo de viagem, as pessoas acreditam que têm razão, não quero dizer que não tenham.
Em Lisboa há autocarros frequentemente, há metropolitano e comboios, é a região do país com maior poder de compra. Os passes são subsidiados indirectamente pelo Estado e permite percorrer a cidade e arredores as vezes que quiserem por dia, situação que por arrastamento acontece no Porto. Em contrapartida, no interior do país não há autocarros, não há metropolitano nem comboios. Quando há autocarros é um de manhã e outro à noite, quando vamos a Lisboa pagamos cerca de 5 a 6% do custo de um passe por apenas um bilhete.
Esta realidade só tem justificação política. Na zona de Lisboa vive dez por cento da população, são dez por cento dos votos, portanto há que dar atenção e algumas benesses a quem vive por lá. No interior profundo não há associações, não há sindicatos, não há manifestações, os deputados eleitos por essas regiões não têm tempo de se dedicar a quem os elegeu. Isto é: ‘Portugal é Lisboa e o resto é paisagem’, é a mentalidade dos politiqueiros deste país “à borda d`água espetado”.
Somos todos iguais para pagar impostos, excepto alguns muito ricos, mas diferentes no retorno. A população do interior paga impostos, como qualquer outro, dos quais uma parte vai para benefício da população dos grandes centros urbanos, mas quando precisa de transporte não há, quando precisa de cuidados de saúde ou não tem ou estão a dezenas de quilómetros, cujas deslocações são à sua custa, porque somos todos iguais.
As populações que vivem nas aldeias recônditas do interior pagam os impostos como qualquer outro, impostos que vão para negociatas, bancos falidos, CP, TAP e autoestradas onde passam poucos carros, mas que benefícios, ou serviços, recebem esses portugueses, prestados por essas entidades financiadas pelos seus impostos?
Não é que os políticos sejam todos incompetentes, alguns sabem muito bem aquilo que andam a fazer, o que conta são os votos! Há aqueles políticos que se lamentam de os enteados do interior irem viver para o litoral, claro que vão porque sentem-se portugueses de segunda. Também me parece que não será a regionalização que vá resolver este problema, aceito que a façam mas que não seja só para criar tachos.
As populações das grandes cidades devem fazer manifestações, sim, mas para exigirem vias largas para irem de bicicleta para o trabalho, pouparão nos impostos, na poluição, na gasolina, no ginásio e na saúde.