A presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR), Teresa Tito de Morais, disse acreditar que Portugal tem capacidade para acolher mais refugiados do que os 1.500 que o Governo se disponibilizou para receber.
“Nós, neste momento, de refugiados que chegam espontaneamente ao nosso país, estamos a acolher 300 nos nossos centros de acolhimento e alojamentos externos. Se houvesse cinco autarquias que acolhessem umas centenas, rapidamente poderíamos acolher mais [do que os 1.500]”, observou, em declarações à imprensa, após uma reunião na Câmara de Olhão.
Na sequência do anúncio de que Portugal iria acolher refugiados, a delegação da Fuseta da Cruz Vermelha Portuguesa manifestou ao CPR disponibilidade para usar um terreno seu na Fuseta, em Olhão, para acolher 50 refugiados concentrados na Grécia e em Itália, localização à qual entretanto o presidente da autarquia já se opôs, tendo apresentado outras alternativas no concelho.
Chegada dos refugiados não deve acontecer antes dos finais de Outubro
Embora não disponha de dados concretos, Teresa Tito de Morais estimou que a chegada dos refugiados não deverá acontecer antes dos finais de Outubro”, uma vez que falta ainda “uma decisão política” e certezas relativamente ao financiamento do projecto.
“Falta a decisão de quando é que chegam estas pessoas, em que condições vêm”, afirmou, sublinhando que os refugiados serão distribuídos por vários pontos do país e que o projecto previsto para Olhão terá ainda que passar “pelas autoridades portuguesas e por financiamento da Comissão Europeia”.
Admitindo que a chegada de 50 pessoas a uma região “pode transtornar” a vida dos residentes, aquela responsável sublinhou que aquelas pessoas “não vêm roubar empregos a ninguém”, mas sim, “com necessidade de sobrevivência” e, muitas delas, “a quererem contribuir para o desenvolvimento do país que as acolheu”.
Centro não será construído na Fuseta
Durante a reunião de ontem, na qual participou também o director-geral da Cruz Vermelha Portuguesa, Luís Névoa, ficou decidido afastar a localização avançada inicialmente para a construção do centro, na localidade piscatória da Fuseta.
“Chegou-se a um consenso de que o terreno na Fuseta não é o mais apropriado pela sua localização”, referiu Luís Névoa, acrescentando que a Câmara de Olhão disponibilizou outras alternativas, “com melhores condições”.
De acordo com o presidente da autarquia, António Pina, a instalação do centro na Fuseta “não se coaduna” com “uma vila que está a desenvolver-se no sentido do turismo”.
Como tal, a autarquia apresentou dois espaços alternativos, nas freguesias de Quelfes e Pechão, que são fora da cidade “mas próximas da malha urbana”, estando ainda em estudo a hipótese de instalação do centro em Moncarapacho.
O autarca aproveitou para criticar o Governo, que considera “não ter feito o trabalho de casa”, dizendo que a “boa vontade não chega” e que é preciso organização para avançar com o projecto.
(Agência Lusa)