A grande entrevista desta edição do POSTAL é a uma figura ímpar da história contemporânea portuguesa: Carlos Brito.
O dirigente histórico do PCP recebeu-nos em Alcoutim, terra que o viu crescer, onde a sua família instalou-se vinda de Moçambique. Tinha ele apenas três anos de idade e hoje tem 87 anos, sempre vividos com coragem para enfrentar os riscos do abismo, convicto numa luta por um ideal de bem comum, que lhe custou muita dor e sofrimento.
Foi preso político e teve que viver na clandestinidade no tempo da ditadura, onde sofreu tortura e isolamento durante quase duas décadas.
Perseguido pela sua atividade como militante comunista, foi preso três vezes, cumprindo um total de oito anos de cárcere.
Aos 17 anos, Carlos Brito aderiu ao MUD Juvenil, para mais tarde entrar nas fileiras do Partido Comunista Português.
Foi responsável, enquanto funcionário do PCP, por diversas ações de propaganda contra o regime. Já na direção do partido, evidenciou-se como um dos seus operacionais no ramo militar, tendo tido um papel especial na mobilização do partido para o golpe de 25 de abril de 1974. Foi eleito deputado à Assembleia Constituinte e exerceu, sem interrupções, o cargo de deputado à Assembleia da República, sucessivamente eleito nas legislaturas iniciadas em 1976, 1979, 1980, 1983, 1985 e 1987.
Foi presidente do Grupo Parlamentar do PCP durante 15 anos e candidato a Presidente da República pelo partido que acabaria por abdicar em prol de Ramalho Eanes. Carlos Brito foi igualmente diretor do jornal Avante entre 1992 e 1998.
Mas em meados dos anos 90, tornou-se “inconveniente” no seio do partido e acabou por ser o protagonista dos chamados renovadores do partido. Crítico do rumo rígido marxista-leninista do PCP, Carlos Brito acabou suspenso pelo Comité Central em 2002 e depois, autossuspendeu-se, em 2003.
A generalidade da sua história de vida é conhecida, tanto durante o período que antecedeu o 25 de abril como no período seguinte, mas na longa entrevista que deu ao jornalista Ramiro Santos, Carlos Brito deixa o testemunho do seu lado mais íntimo, com aspetos até então desconhecidos do grande público.
Como cresceu, as suas referências, os seus ideais, os seus amores e a sua relação com Álvaro Cunhal são temas abordados num testemunho único deste “velho combatente”.
Nesta edição, o POSTAL publica, por isso a primeira parte desta grande entrevista, remetendo para a próxima edição a sua continuação.
O privilégio de termos estado à conversa com este grande Senhor merece a sua partilha com os nossos leitores.
À pessoa de Carlos Brito felicitamos com o nosso sincero agradecimento.
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