Paradas desde 2012 – exactamente o ano em que, de acordo com a Estradas de Portugal, se previa, por exemplo, a conclusão da Variante a Faro, parte integrante dos trabalhos – as obras de requalificação da Estrada Nacional 125 (EN 125) estão deixadas ao abandono e não dão quaisquer sinais de avanço.
Entretanto, aquela que era a principal ‘moeda de troca’ para a Via do Infante passar a ser portajada matém-se em banho-maria e os algarvios continuam a pagar portagens sem poder contar com uma alternativa pelo menos digna desse nome.
Na passada sexta-feira, no âmbito de uma visita à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, Sérgio Silva Monteiro, secretário de Estado dos Transportes, pouco ou nada trouxe de novo nesta matéria.
A apresentar o estudo que prioriza as intervenções do Estado para os próximos anos em matéria de redes de transportes e onde a EN 125 simplesmente não figura, o governante apenas referiu que “O Estado está a procurar, através da negociação, assegurar que rapidamente temos condições para que essa requalificação avance. Caso não avance no modelo de concessão, o Estado resgatará a concessão e procurará criar condições financeiras na [empresa] Estradas de Portugal para que avance”.
Pouco mais, portanto, do que o actual estado de coisas com uma concessão que incumpre há dois anos aquilo que era a sua obrigação contratual, com os prejuízos conhecidos para a região, mas particularmente, com os prejuízos ainda por quantificar das obras deixadas ao abandono e cuja retoma implicará reequacionar.
Algarve só terá investimento em portos e caminho de ferro
A cumprir-se na prática o estudo do Grupo de Trabalho para as Infra-estruturas de Alto Valor Acrescentado que o secretário de Estado veio colocar em discussão pública no Algarve, à semelhança do que tem feito pelo país, a região apenas será contemplada – se para isso houver fundos suficientes – com obras nas áreas da ferrovia no âmbito da Linha do Algarve e no âmbito das infra-estruturas portuárias, portos de Portimão e Faro.
Sobre a EN 125, de que dependem milhares de algarvios, e em larga medida a mobilidade dos turistas, nem uma linha no estudo que promete servir de base às decisões do Governo, como o Postal já tinha noticiado.
Jorge Botelho classifica não inclusão da EN 125 inadmissível
Quem não se deixou ficar pelo silêncio junto do representante do Governo foi Jorge Botelho, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), para quem a não inclusão nas infra-estruturas prioritárias da requalificação da via longitudinal do Algarve é “inadmissível”.
A região contará, havendo para isso capacidade financeira do Governo, com um investimento a rondar os 110 milhões de euros divididos a meias entre ferrovia e portos, o que será neste âmbito investimento previsível da Administração Central para quase uma década.
Para Jorge Botelho, em declarações ao POSTAL, “a contenção no investimento público não pode deixar a região durante quase uma década com fundos desta ordem na área das infra-estruturas de transportes e muito menos é sequer pensável que nos projectos equacionados como prioritários não esteja incluída a via rodoviária que é a espinha dorsal da região”.
À Agência Lusa o também autarca tavirense referiu que “se esta obra não se fizer, vamos afundar-nos um pouco mais”, sublinhando que a EN 125 está “um caos”.
Recorde-se que já na última versão da intervenção na EN 125, parte das variantes previstas para as zonas mais problemáticas desta via foi relegada para as calendas, numa tentativa de reduzir os custos da intervenção, este foi por exemplo o caso da ligação a São Brás de Alportel e da variante a Olhão.
Até à decisão final sobre que alterações poderá ainda sofrer este estudo encomendado pelo Governo e que forma final tomará a decisão política sobre o que é ou não prioritário em termos de transportes resta aos algarvios evitar que o assunto caia nas calendas do esquecimento a que neste âmbito o Governo parece ter votado a região.