“Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar”. E quem for algarvio ou cá viver, sabe bem do que aqui falo
Na consulta ao OE, não ficou muito claro para o POSTAL que as construções do novo Hospital Central do Algarve ou mesmo da prometida Ponte de Alcoutim sobre o Guadiana estejam contempladas.
Apesar da deputada socialista eleita pelo Algarve voltar este ano a dizer que o Hospital Central encontra-se nas Grandes Opções do Plano que suportam este orçamento, Jamila Madeira responde com uma justificação técnico-jurídica para concluir que “enquanto não começar a obra não há necessidade de rubrica orçamental”. O ponto comum dos nossos “quatro convidados”, que militam em partidos diferentes, é que a construção do novo Hospital Central do Algarve é hoje uma das maiores prioridades para a nossa região, embora seja difícil perceber, na voz de Jamila Madeira, como é que “o novo Hospital Central é um dos objetivos deste Governo”…
O próximo Orçamento de Estado foi aprovado na generalidade com uma margem de três votos: os 108 a favor do PS, os 105 contra do PSD, BE, CDS, IL e Chega e as 17 abstenções de PCP, Verdes, PAN e as duas deputadas não inscritas.
Escrevia Eça de Queirós que “Há muito que as dificuldades financeiras pesam sobre este país, como uma fatalidade desorganizadora”
Agora e até à votação final do Orçamento, agendada para 26 de novembro, abre-se uma discussão que falta fazer para se responder efetivamente às necessidades do país e dos portugueses com medidas que respondam a mais um ano que se avizinha tão ou mais difícil que o atual. Infelizmente, trata-se de um debate que pouco atrai os portugueses, apesar de ser o que mais vai determinar a qualidade e o nível de vida de todos nós em 2021.
Escrevia em 1867 Eça de Queirós que “Discutir o Orçamento é revolver quase todo o sistema de reformas sensatas que pedem as nossas instituições. Há muito que as dificuldades financeiras pesam sobre este país, como uma fatalidade desorganizadora que ora entorpece um movimento, ora inutiliza uma ação profunda, ora inabilita um progresso”.
Mais de 150 anos depois, receio que essa “fatalidade desorganizadora” volte a relembrar um desabafo do imperador romano Júlio César: “Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar”. E quem for algarvio ou cá viver, sabe bem do que aqui falo.
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