Este mês começa com uma visita do planeta Vénus às Plêiades, o enxame de estrelas também conhecido como “as moscas” do Touro, ou o “Sete Estrelo”. Entre os dias 2 e 5, o movimento aparente de Vénus no céu vai levá-lo a atravessar este grupinho de estrelas. Vénus é o pontinho luminoso mais brilhante do céu, logo ao anoitecer.
O anoitecer de dia 8 trás consigo a lua cheia. A lua cheia está diametralmente oposta ao Sol, no céu, por isso a Lua nasce quando o Sol se põe, e põe-se quando o Sol nasce.
No dia 14, a Lua atinge o quarto minguante. Nesse mesmo dia, antes do nascer do Sol, há uma autêntica linha reta de objetos do Sistema Solar no céu, a começar na Lua, passando por Júpiter, Saturno e terminando em Marte. Durante os dois dias seguintes, a Lua, que se move cerca de um palmo no céu por noite, vai passar por estes três planetas. No dia 15 está entre Júpiter e Saturno a formar um triângulo, a cerca de 4 graus de ambos. No dia 16, já está no “fim da fila” e passa a cerca de 2 graus de Marte.
O pico da “chuva” de meteoros das Líridas está previsto ocorrer entre as 22:30 de dia 21 e as 09:30 de dia 22, com maior probabilidade de ocorrer por volta das 7 da manhã. No pico, o número de meteoros por horas deve rondar os 18, mas esta é uma chuva com máximo variável, que pode chegar até aos 90 meteoros por hora (em céus escuros). Por isso, apesar da constelação da Lira só nascer por volta das 23:00, pode valer a pena olhar para o céu a partir do anoitecer. Este será um bom ano para procurar Líridas no céu, pois a Lua está praticamente nova, fase que atinge no dia 23.
No dia 26 um finíssimo crescente da Lua passa a 6 graus de Vénus, ao anoitecer. Por fim a Lua atinge o quarto crescente no último dia de abril.
Mas há ainda algo de potencialmente interessante no céu – o Cometa C/2019 Y4 (ATLAS), ou cometa ATLAS para os amigos. Este cometa tem aumentado de brilho muito mais rapidamente do que o esperado e pode tornar-se visível a olho nu no final de abril ou início de maio. Neste momento já tem magnitude menor do que 8 e por isso, se estiverem fora das grandes cidades, já é possível vê-lo no céu através de binóculos, ou em alternativa, fotografá-lo com uma teleobjetiva e um tempo de exposição relativamente curto.
Para o encontrarem durante abril, basta virarem-se para Norte ao anoitecer e inclinarem o vosso instrumento cerca de 60 graus. Depois, tracem uma linha imaginária da ponta da cauda da Ursa Maior até à estrela brilhante à esquerda, a estrela Capela, na constelação do Cocheiro. O cometa será uma manchinha algures a meio, embora se desloque cada vez mais para o lado de Capela, conforme o mês avança.
Boas observações.
Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)
(Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva)