O presidente da Câmara de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, disse na passada quarta-feira ter recebido com “surpresa” e “agrado” as notícias sobre a intenção de uma empresa privada em construir uma central de energia solar no concelho.
Em declarações à Lusa, o autarca referiu que desconhecia a intenção, mas destacou que a dimensão do projecto apontada nas notícias publicadas na terça e quarta-feira pelo jornal Negócios seria, em termos de emprego, “o euromilhões para Alcoutim”.
O jornal noticiou que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) recebeu um pedido de licenciamento para uma central fotovoltaica de 200 megawatts, a implementar numa área de 800 hectares, que o autarca disse à Lusa localizar-se nas freguesias de Martim Longo e Vaqueiros, em plena serra algarvia, investimento que representaria a maior central solar do país, superando a que existe no concelho alentejano de Moura.
“Isto foi uma notícia que nos apanhou com alguma surpresa, mas acompanhada em proporção superior por agrado”, afirmou Osvaldo Gonçalves, frisando que já tinha havido contactos de alguns investidores a mostrar interesse no concelho, que “tem já uma ampla divulgação nesta área e uma comprovação técnica de que é um território com uma exposição solar óptima para este tipo de tecnologia”.
Empresa Enercoutim tem dado visibilidade às potencialidades do território
O autarca lembrou que “já existe uma plataforma de ensaios de energia solar” da empresa Enercoutim, que tem dado “alguma visibilidade às potencialidades do território” neste campo, e agora, é necessário “aguardar que aquilo se venha a concretizar, mesmo que parcialmente”.
“Não tinha conhecimento disto e entrei em contacto com a APA para perceber em primeira instância se, de facto, isto era uma notícia que era assim mesmo ou se havia algum engano, mas tivemos a confirmação que deu entrada esse pedido”, acrescentou.
O autarca observou que Alcoutim tem “muitos hectares com características para fazer estes investimentos” e é necessário “que haja vontade” e aprovação por parte das entidades oficiais que têm que se pronunciar, “a Câmara, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve e o próprio Estado”.
Questionado sobre as vantagens económicas de um investimento deste tipo para um concelho como Alcoutim, muito afectado pela desertificação do território e pelo envelhecimento populacional, Osvaldo Gonçalves respondeu que, se fosse possível “acoplar neste investimento uma unidade de montagem e produção de painéis fotovoltaicos, isso seria ouro sobre azul”.
Relativamente aos 600 postos de trabalho previstos, o autarca considerou que isso “para Alcoutim seria o Euromilhões”.
O presidente do município, que é actualmente o maior empregador do concelho, com cerca de 170 trabalhadores, disse ainda que como autarca apenas lhe interessa ter um investimento deste tipo, seja em que freguesia for, mas frisou “a empresa localiza o terreno numa herdade na freguesia de Martim Longo, mas numa área que abrange terrenos em Vaqueiros e é transversal às duas freguesias”.
A Lusa questionou a CCDR do Algarve sobre o projecto, mas esta remeteu esclarecimentos para a APA.
Questionada também pela Lusa, APA ainda não respondeu aos pedidos de informação feitos.
(Agência Lusa)