Numa das salinas da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, propriedade da Compasal, dona da Salina do Cerro do Bufo, uma colónia de cerca de 3000 indivíduos construiu perto de 800 ninhos com ovos, eclodindo agora cerca de 550 jovens flamingos.
“Esta nidificação e o seu resultado positivo, poderão ser confirmados no próximo ano e tornar-se uma situação recorrente, o que representaria uma importante adaptação da espécie a diferentes condições das que sempre tem tido nos locais habituais, possibilitando desse modo a diversificação dos locais de nidificação e a manutenção da população da espécie na área geográfica do Mediterrâneo”, explica o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em comunicado.
Na Reserva Natural do Estuário do Sado e na Reserva Natural do Estuário do Tejo ocorreu, em simultâneo, a construção de cerca de meia centena de ninhos em cada uma delas. Contudo, quer devido a alteração das condições físicas ocorrida nos locais, quer por se tratar de um número muito reduzido de casais, a nidificação não foi concluída. Nestes dois últimos casos houve abandono dos locais.
A construção de ninhos era já conhecida, desde finais dos anos 90, nas principais áreas protegidas em zonas húmidas, nomeadamente na Reserva Natural do Estuário do Tejo, Reserva Natural do Estuário do Sado e na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António e, ainda, em outros locais. No entanto, a construção dos ninhos não constitui, em si mesma, confirmação de nidificação, uma vez que nunca foram observados juvenis nascidos naqueles locais.
Compasal destaca-se no apoio à conservação dos ninhos
Para os resultados obtidos contribuíram também diversas pessoas e entidades. O ICNF agradece, de forma especial, toda “a colaboração prestada pela empresa Compasal em função da disponibilidade em manter todas as condições ambientais e de segurança, assim possibilitando o sucesso da nidificação”.
O ICNF agradece também “às pessoas e entidades que praticamente desde a primeira hora tiveram conhecimento do processo em curso e mantiveram a necessária discrição, não publicitando os processos de nidificação e a sua localização, e evitando deste modo a possível perturbação causada pela curiosidade da novidade”.
Do mesmo modo agradece “ao fotógrafo Agostinho Gomes a reportagem fotográfica com que acompanhou todo o processo e por todo o cuidado e sensibilidade com que o fez, tendo ainda disponibilizado a mesma ao ICNF e ao público”.
O agradecimento estende-se também “aos Vigilantes da Natureza, da Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Algarve, em particular aos da Reserva Natural de Castro Marim e Vila Real de Santo António, por todo o esforço de manutenção da segurança e tranquilidade no local, o que tem permitido manter o processo de nidificação e desenvolvimento das crias, sem perturbações que possam vir a compromete-lo”.