O Festival MED, que decorre de 25 a 28 de Junho, na Zona Histórica de Loulé, constitui uma fusão cultural onde, a par das músicas do mundo, cabem outras manifestações artísticas como as artes plásticas, o teatro ou a animação de rua. E porque não é só de música que vive o MED, as estreitas e tortuosas ruas do casco medieval da cidade vão encher-se de arte, com muitas exposições, e de performers que vão dar cor e vida ao Festival MED.
Como já vem sendo habitual, uma das iniciativas que maior curiosidade suscita no visitante é a Exposição de Rua. Inserida nesta 11ª edição, a oitava Exposição de Rua do Festival MED tem como tema “O Teatro dos Sonhos”. Foi dado um manequim a 17 artistas e cada um teve a liberdade de interpretar o tema à sua maneira.
“O Festival MED é uma celebração que permite aproximar diferentes culturas musicais do mundo inteiro. O Festival é um grande palco… todos nós temos sonhos”, referem os artistas participantes, Adérita, Ana Rostron, António Dias, Nuno Viegas, Carlos Vila, Catarina Correia, Charlie Holt, El Menau, Franck, João Espada, Jorge Mestre, Simão, Milita Doré, Pedro Félix, Renato Brito, Susana Leal, Teresa Paulino e Vasco Nascimento.
“O Teatro dos Sonhos” pode ser visitado na Travessa Arco do Pinto. A “actuação” começa na noite de abertura do Festival e continua na sua imaginação.
Um dos destaques desta programação cultural vai também para a exposição patente ao público na Galeria de Arte do Convento Espírito Santo, “Singularidades do Branco”, de João Moniz. No cerne da problemática perseguida pela obra de João Moniz encontramos esse tópico fundador da Arte Ocidental que é a relação entre o eterno e o infinito, de um lado, e a variação e o contingente, por outro. Todavia, ao invés do problema que se colocava aos Gregos da Antiguidade Clássica, que tinham de inovar indefinidamente numa gama limitada de possibilidades (os cânones), o maior desafio com que a poética pictural de João Moniz se confronta é a busca da infinitude na variação infinita ou radical sobre o mesmo, procurando surpreender a misteriosa verdade da nossa fugidia identidade.
Em síntese, estamos perante uma identidade artística que se define intrinsecamente por ser sempre a mesma e ser sempre outra, diferente, mas também perante a análoga identidade fugidia da Pintura, ela própria sempre a mesma e sempre outra, oscilando entre o eterno e o infinito da Ideia e a variação e o contingente do Existir. À maneira do símbolo chinês da “Longevidade sem Fim”, a obra de João Moniz explora as infinitas possibilidades da variação sobre o mesmo, num exercício de criatividade sem fim…
A exposição inaugura a 25 de Junho e vai estar patente ao público até 2 de Agosto.
No Museu Municipal de Loulé, Sara Navarro apresenta “Cosmos”, uma exposição em que a artista procura fazer uma ponte entre os processos mais remotos da produção cerâmica e a criação artística contemporânea. Privilegiando a relação entre a mão e a matéria, no sentido do ‘saber fazer’ artesanal, as suas terracotas, (re)criadas pela arte do fogo, transmitem algo de pré-histórico. Algo que evoca a arte e a cultura de outros tempos, de outros lugares, algo que nos desperta os ecos de uma terra antiga. Partindo de realidades perdidas, as formas que cria põem o tempo presente em comunicação com um passado remoto. Pela transfiguração surgem modelos primordiais, reconhecíveis, mas carregados de novas simbologias. Artefactos com significados sempre múltiplos, com sentidos construídos e reconstruídos.
A exposição extravasa os dias do MED e vai estar aberta ao público até 25 de Julho.
A fotografia de Maria Odete Fernandes pode ser apreciada nos magníficos Claustros do Convento Espírito Santo, na Exposição “Olhares”. Também neste espaço, diariamente, pelas 23 horas, decorrerão três Workshops: Workshop Dançar os 4 elementos – Água, Ar, Fogo e Terra (26 de Junho), onde será explorada a fluidez, ondulações e as espirais do corpo; Workshop Cânticos do Mundo (27 de Junho), um círculo de canções étnicas e tradicionais de várias culturas étnicas, que nos levam a viajar pelo tempo; e Workshop Percussão Étnica (28 de Junho), ritmos de diferentes culturas, Brasil, Cuba, África, Índia com muitos e variados instrumentos.
Performances animam recinto
Pelas ruas, performers vão dar as boas-vindas aos visitantes animar o recinto durante os quatro dias de Festival.
O VicenTeatro regressa a um dos mais importantes festivas nacionais com a Família Lopes, uma família muito especial que irá não só animar o MED mas também divulgar este evento noutras cidades algarvias, onde têm uma longa lista de amigos que contam rever e ampliar nos próximos dias. Este ano esta presença promete até porque como dizem os pais Lopes, “os anos vão passando, os pirralhos vão crescendo e quando damos por eles, já estão em idade casadoira”. Os corações pequeninos e puros do filho e da filha Lopes estão a despertar para o amor e os pais Lopes, ele mais acesso, ela mais controlada, têm pela frente a empresa de encontrar os noivos adequados para os seus rebentos. E o MED será o local perfeito…
A Charanga do Pintassilgo é o espectáculo que o grupo Ao Luar Teatro leva ao Festival MED. Este é um projecto fundado no dia 3 de Fevereiro de 2010 por um grupo de profissionais interessados em teatro comunitário, inspirado na Serra do Caldeirão, tendo como princípios orientadores a recuperação, afirmação e valorização da tradição oral, dedicando especial atenção aos costumes e à identidade algarvia com forte incidência no meio rural. Adopta um estilo assente na comédia e na interacção com o público.
A companhia está sediada na Serra do Caldeirão, onde desenvolve a sua actividade – teatro profissional de inspiração rural, sempre com a forte identidade cultural e com vista à preservação dessa mesma identidade e da diversidade cultural das comunidades e grupos, incentivando e promovendo o diálogo intercultural. No universo da memória colectiva, desencanta dos baús da memória, as lendas, os encantamentos, as histórias, os contos, os cantos e o património musical.
Os cuspidores de fogo, malabares e andas da Associação Satori, outro dos participantes habituais no Festival, regressam para criar um ambiente único no recinto.
Junta-se a este programa de animação o grupo Al Fanfare, banda musical de animação de rua, composta por sopros e percussão, cujos músicos são profissionais e amadores originários da região algarvia, Baixo Alentejo e até da distante República da Moldávia. O seu objectivo é animar todo o tipo de eventos culturais e populares através de distintos géneros sonoros, desde temas do panorama tradicional / folk ao universo da Dixieland, pop-rock, sons latinos, música de dança, comercial, balkan brass, enriquecidos com muito improviso, movimento, interacção, originalidade e folia.