Projetado como o primeiro centro de arte digital em Portugal e na Europa, o Museu Zero vai ficar instalado no edifício dos antigos silos da Cooperativa Agrícola de Santa Catarina da Fonte do Bispo (sede de freguesia no interior do concelho de Tavira) e o espaço pode começar a ser parcialmente utilizado mesmo sem a obra totalmente concluída, adiantou à agência Lusa o presidente da comissão executiva, João Correia Vargues.
“Temos procurado assegurar que o empreiteiro cumpra os prazos estabelecidos, mas preferimos, neste momento, comprometermo-nos com nenhuma data de conclusão de todos os trabalhos. Num esforço de articulação e coordenação através da nossa fiscalização, pretendemos que possamos já realizar algumas iniciativas no espaço, a partir de outubro, mas elas serão sobretudo de acolhimento de seminários, artistas e criativos, em residência ou não”, afirmou João Correia Vargues.
O presidente executivo sublinhou que, “em pleno, e falando, por exemplo, de exposições”, a comissão executiva “não vê mesmo necessidade e urgência de as realizar antes do primeiro trimestre de 2021”.
“Preferimos trabalhar com calma e segurança, garantindo que as obras e intervenções ficarão tão bem feitas quanto o projeto define e nós queremos, do que estar a procurar assegurar ‘data de abertura’”, justificou o presidente da comissão executiva do museu, que conta com fundos comunitários de “70% por parte do CRESC Algarve e 20% por parte do programa Valorizar, através do Turismo de Portugal, num montante global de financiamento contratado que ronda os 1,8 milhões de euros”.
Vargues reconheceu que houve atrasos devido “às dificuldades de contratação” por parte do empreiteiro, mas fez um “balanço muito positivo” do trabalho realizado para “cumprir fielmente o caderno de encargos” e a “qualidade” da obra, embora a comissão executiva “não esteja satisfeita com os tempos da sua realização”.
“A exemplo de 2019, em que efetuámos uma residência artística conjunta com o centro de media artes V2_ em Roterdão, está já a ser preparada uma segunda residência para os próximos meses de setembro e outubro, juntando artistas portugueses e holandeses, e cuja componente na região será realizada em espaços perfeitamente adequados ao seu trabalho, interdisciplinar, e com a apresentação dos trabalhos finais a público, em Tavira”, antecipou.
O Museu Zero está também na origem de outras iniciativas no Algarve entre agosto e setembro, como “um ciclo de exposições designado ‘Mapa e território’”, no Centro de Artes e Ofícios de São Brás de Alportel, ou a realização de “duas instalações em videoarte”, feitas por convite a “dois artistas portugueses (João Martinho Moura e ARM) e um holandês (Marnix)”, na Ermida de São Roque, em Tavira, referiu.
Um ciclo de concertos em música eletrónica para os Claustros da Igreja do Carmo, todas as quartas-feiras de agosto, com Joana Gama e Luís Fernandes, seguindo-se a artista IAN, depois a italiana Marta de Pascalis e a dupla Boris Chimp 504 a encerrar são outros dos eventos previstos.
João Correia Vargues assegurou ainda que todas as iniciativas culturais referidas cumprirão as normas de segurança sanitária e distanciamento social impostas devido à pandemia de covid-19.