Representantes do movimento SOS Ria Formosa, que se opõe às demolições de casas nas ilhas-barreira do Algarve, entregaram ontem, quarta-feira, na Assembleia da República, em Lisboa, uma petição para cobrar as promessas eleitorais de que o processo iria parar.
“Houve promessas eleitorais de que iam ter em consideração e alterar as coisas que estavam mal. Isto foi-nos dito pessoalmente e, portanto, viemos cá para que isso seja cumprido”, disse à Lusa José Lezinho, do movimento SOS Ria Formosa.
Os representantes do movimento foram recebidos pelo vice-presidente da AR, José de Matos Correia, a quem entregaram uma petição com 4.300 assinaturas a pedir “a suspensão das demolições” e a realização de um estudo, “porque o Plano de Ordenamento da Ordem Costeira (POOC) foi mal feito e não foi elaborado em conjunto com as associações e as câmaras municipais”.
Em causa cerca de mil casas
De acordo com José Lezinho, estão em causa cerca de mil casas.
Os moradores têm esperança numa providência cautelar, aceite pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé, que suspendeu as demolições, alegando ser necessário proteger o camaleão, espécie que alegadamente se localiza “predominantemente nas árvores e nos arbustos existentes junto às edificações, plantadas para conferir frescura, sombra e alindamento do exterior dessas edificações”.
“As demolições pararam há algum tempo, porque temos um novo Governo. E, neste caso, viemos demonstrar que nós também queremos que seja tomada outra atitude, porque já estamos fartos de acordar a pensar que a casa vai abaixo ou que nos vão dar cabo da vida, ou o que vai ser dos meus filhos ou dos filhos dos nossos amigos e dos nossos velhotes. Já chega”, acrescentou.
O processo inicial de renaturalização da ria prevê a demolição de um total de 800 construções nos núcleos urbanos das ilhas-barreira.
Para o SOS Ria Formosa, “não são as casas que provocam a poluição na ria”, existindo outros problemas por resolver, como a saída de esgotos ou o assoreamento das barras.
Vários núcleos habitacionais das ilhas da ria, situada entre os concelhos de Tavira e Loulé – como Farol, Culatra ou Hangares – já foram alvo de demolições de habitações ordenadas pelo Ministério do Ambiente no âmbito de um projecto de renaturalização conduzido dentro da reserva natural existente.
(Agência Lusa)