O duque de Edimburgo, príncipe consorte da Rainha Isabel II, morreu hoje aos 99 anos, anunciou o Palácio de Buckingham.
“É com profunda tristeza que Sua Majestade, a Rainha, anuncia a morte de seu amado marido, Sua Alteza Real, o Príncipe Philip, Duque de Edimburgo. Sua Alteza Real faleceu pacificamente esta manhã no Castelo de Windsor”, comunicou.
“A Família Real junta-se a pessoas de todo o mundo no luto pela sua perda”, acrescenta.
O príncipe, que ia completar 100 anos em 10 de junho, tinha saído recentemente do hospital, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica a problemas cardíacos, e regressado ao Palácio de Windsor.
Conhecido pelo seu sentido de humor particular, Filipe de Mountbatten, nascido com o título de príncipe da Grécia e da Dinamarca, é o consorte mais antigo da história da monarquia britânica.
Depois de ter servido na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, casou-se em 20 de novembro de 1947 com a então princesa Elizabeth, filha do rei George VI.
Como consorte mais antigo da Grã-Bretanha, Filipe realizou mais de 22.000 compromissos públicos individuais, mas muitas vezes se descreveu de forma bem-humorada como “o inaugurador de placas mais experiente do mundo”.
Afastou-se das funções púbicas em 2017 e tornou-se cada vez mais raro ver o príncipe Filipe em público, exceto quando participou de grandes eventos familiares.
Começa a operação “Forth Bridge”, mas com funeral discreto
A morte do príncipe Filipe desencadeia a Operação “Forth Bridge”, nome de código para os preparativos do funeral, que merece honras de Estado, mas que o duque de Edimburgo terá manifestado querer que fosse uma cerimónia discreta.
A página eletrónica da Família Real, na qual foi anunciada a morte, encontra-se atualmente de luto, indicando que “novos anúncios serão feitos oportunamente”.
De acordo com a tradição, o Reino Unido, que inclui Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, entrará num período nacional de luto que se prolongará até o funeral.
As bandeiras serão hasteadas a meio mastro, o bastão cerimonial que está na Câmara dos Comuns, atualmente suspensa para férias, será envolto em preto ou adornado com um laço preto e os deputados deverão usar braçadeiras ou gravatas pretas.
Enquanto príncipe consorte, o príncipe Filipe tem direito a um funeral de Estado, que envolve ficar em câmara aberta e ser sepultado no Castelo de Windsor, mas, segundo a imprensa britânica, o duque de Edimburgo deixou instruções para se fazer um funeral privado.
Assim, de acordo com os seus desejos, que ainda não foram oficialmente revelados, apenas a sua família e amigos mais próximos deverão comparecer no funeral.
A cerimónia também deverá ser afetada pelas restrições da pandemia de covid-19, que limitam os ajuntamentos.
PERFIL: Príncipe Filipe, o consorte britânico que esteve mais tempo em funções
O príncipe Filipe, que morreu hoje aos 99 anos, nasceu em Corfu em 1921 com o título de ‘príncipe da Grécia e Dinamarca’, mas foi como príncipe consorte da Rainha Isabel II que viveu a maior parte da vida.
Filho único do Príncipe André da Grécia e da princesa Alice de Battenberg, aos 18 meses o Príncipe Filipe e a família tiveram de abandonar a Grécia devido à instabilidade política criada pela guerra com a Turquia e o tio, o rei da Grécia, Constantino I, foi forçado a abdicar.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o príncipe Louis de Battenberg, avô do príncipe Filipe, mudou o nome da família para Mountbatten e foi este nome que Filipe adotou quando se naturalizou britânico e renunciou ao título real para se casar com a princesa Isabel.
Após passar parte da infância em França, estudou em Inglaterra e na Escócia e ingressou na Marinha Real britânica como cadete em 1939, seguindo os passos do avô, o príncipe Louis, que foi almirante da frota e primeiro lorde do mar.
Em julho de 1947, foi anunciado o noivado do então tenente Filipe Mountbatten com a princesa Isabel, prima em terceiro grau, e quatro meses depois, em 20 de novembro, casaram-se na Abadia de Westminster.
Após o casamento, o príncipe Filipe foi agraciado com os títulos de duque de Edimburgo, conde de Merioneth e barão de Greenwich.
Na Marinha, esteve embarcado em vários navios, incluindo durante a Segunda Guerra Mundial, e em 1952 chegou à patente de Comandante.
Mas a carreira militar ativa chegou ao fim com a morte do sogro, o Rei George VI, e a proclamação da rainha Isabel II a 06 de fevereiro.
O casal teve quatro filhos: o Príncipe Carlos, Príncipe de Gales, nasceu em 1948 e a Princesa Ana nasceu dois anos depois.
Depois de ascender ao trono, o casal teve mais dois filhos: o príncipe André, duque de York, nascido em 1960, e o príncipe Eduardo, conde de Wessex, nascido em 1964.
Após visitar a Antártida e o Atlântico Sul em 1956-57, o Príncipe Filipe passou a desenvolver trabalho na sensibilização para as questões ambientais e a relação entre os humanos e a natureza, e inovou no uso de um carro elétrico na década de 1960.
Foi um praticante de desporto ativo, nomeadamente de pólo, atrelagem (carruagens de cavalos) e vela, e era também um piloto qualificado, tendo sido o primeiro membro da família real a descolar um helicóptero do jardim do Palácio de Buckingham.
Em 2009 tornou-se o consorte britânico que esteve mais tempo em funções enquanto companheiro de um soberano, uma distinção anteriormente detida pela Rainha Carlota, consorte do rei Jorge III.
Foi mecenas, presidente ou membro de cerca de 780 organizações e acumulou títulos militares de vários regimentos militares britânicos, mas em 2017 deixou de ser ativo nestas funções e abandonou a vida pública.
Um dos principais legados que deixa é o Prémio do Duque de Edimburgo, criado em 1956 em colaboração com o educador alemão Kurt Hahn e John Hunt, líder da primeira escalada bem-sucedida do monte Everest, para desafiar jovens entre os 14 e 24 anos a fazer voluntariado, participar em expedições na natureza e adquirir conhecimentos fora da escola.
O prémio opera em mais de 140 países e inspirou milhões de jovens.
PM britânico e líder trabalhista destacam devoção à Rainha
O primeiro-ministro e o líder da oposição britânicos, Boris Johnson e Keir Starmer, homenagearam hoje o príncipe Filipe, que morreu aos 99 anos, e destacaram a sua dedicação à Rainha e à monarquia.
“Ele adotou uma ética de serviço que aplicou ao longo das mudanças sem precedentes do pós-guerra e, como o condutor exímio de carruagens que era, ajudou a guiar a família real e a monarquia”, afirmou Johnson, numa declaração no exterior da residência oficial de Downing Street.
Lembrando o seu heroísmo em combate durante a Segunda Guerra Mundial, a consciência ambientalista “antes de ser moda” e a criação de um popular programa de atividades dirigido aos jovens, o primeiro-ministro recordou também o apoio constante ao longo de mais de 70 anos de casamento à monarca britânica.
“É em Sua Majestade e na família que os pensamentos da nossa nação devem voltar-se hoje, porque eles perderam não apenas uma figura pública muito amada e altamente respeitada, mas um marido dedicado e um pai orgulhoso e amoroso, avô, e nos últimos anos, bisavô”, vincou.
Também Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, principal força da oposição, prestou homenagem ao serviço público de Filipe e destacou a “devoção à Rainha”.
“Durante mais de sete décadas, ele esteve ao lado dela. O casamento deles tem sido um símbolo de força, estabilidade e esperança, mesmo enquanto o mundo ao redor deles mudou – mais recentemente durante a pandemia. Foi uma parceria que inspirou milhões no Reino Unido e além”, disse, num comunicado.
O príncipe, também conhecido pelo título de Duque de Edimburgo, ia completar 100 anos em 10 de junho.
Tinha saído recentemente do hospital, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica a problemas cardíacos, e encontrava-se no Palácio de Windsor.
Como consorte mais antigo do Reino Unido, realizou mais de 22.000 compromissos públicos individuais, e muitas vezes se descreveu de forma bem-humorada como “o inaugurador de placas mais experiente do mundo”.
Afastou-se das funções púbicas em 2017 e a sua morte não afeta a linha de sucessão, pois ele nunca fez parte dela, e o herdeiro continua a ser o príncipe Carlos.