No dia em que o Presidente dos Estados Unidos Barack Obama foi distinguido com o Nobel da Paz, em outubro de 2009, Sasha, a filha mais nova, queria ser a primeira a dar-lhe a notícia: “Pai, pai, ganhaste o Nobel. Ainda por cima no dia de aniversário do ‘Bo’“. “Sim, e num fim-de-semana alargado”, afirmou Malia, a mais velha.
“Nada como os mais novos para pôr as coisas em perspetiva”, disse o então Presidente norte-americano, a quem a notícia fora revelada, em primeira mão, às seis da manhã, pelo secretário de imprensa, Robert Gibbs.
Doze anos depois, a vida de “Bo”, o cão de água português que viveu na Casa Branca após ter sido adotado pela família do Presidente Obama, chegou ao fim. Bo perdeu a batalha contra o cancro.
“Hoje, a nossa família perdeu um verdadeiro amigo e companheiro leal. Por mais de uma década, ‘Bo’ foi uma presença constante e gentil nas nossas vidas – feliz por nos ver nos nossos dias bons, nos nossos dias maus e em todos os restantes dias”, escreveu este sábado no twitter o ex-Presidente Barack Obama.
Michelle Obama fez um comunicado em que se despede de “Bo”, lembrando a promessa que ela e o marido fizeram às filhas na campanha presidencial de 2008: “Como família, vamos ter muitas saudades de ‘Bo’.”
Bo tinha 13 anos. Teve uma longa e boa vida… de cão.
Cão de água famoso em todo o mundo é característico do Algarve
O cão-de-água é característico da Ria Formosa do Algarve e ganhou maior fama quando Barack Obama escolheu um por ser considerada uma raça adequada a pessoas com alergias, como é o caso de Malia, uma das filhas dos Obama.
Durante a campanha eleitoral de 2008 o casal prometeu às filhas um cão e quando Obama foi eleito (2009) cumpriu a promessa.
Quando o novo chefe de Estado norte-americano, Barack Obama, veio a público dizer que o próximo animal de estimação a ir viver para a Casa Branca seria um cão d’água, uma raça portuguesa, ou um Labradoodle – uma mistura do Labrador Retriever e de um Poodle comum -, ambos de porte médio, o presidente do Turismo do Algarve [António Pina] tomou providências para que pudesse ser entregue um exemplar da raça portuguesa na Casa Branca caso a escolha do canídeo recaísse sobre a raça cão d´água.
“Estamos disponíveis para ir até aos EUA entregar em mão um cachorrinho d’água e se o presidente dos EUA pedir uma sugestão de nome vamos sugerir o nome ‘Algarve'”, adiantava na altura António Pina.
A própria embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) já tinha sido contactada pelo Turismo do Algarve e o embaixador reagiria de forma entusiasta à oferta, tendo prometido fazer todas as diligências em Washington para obter uma resposta positiva da família Obama.
O cão prometido ainda não tinha nascido, mas a mãe do cachorro vivia no Parque Natural da Ria Formosa, em Olhão, e era campeã de beleza de cães d’água e estava prestes a engravidar, mas o escolhido seria um cachorro de seis meses oferecido pelo senador democrata Ted Kennedy, que já tinha três cães d’água portugueses e descreveu a raça como “inteligente, resistente, determinada, otimista e incansável” e que faria um “par perfeito com Obama”.
O cão d’água é considerado pelos peritos um óptimo cão de guarda, lutador, bom companheiro, dócil e cuidadoso com as crianças.
É na região do Algarve que se encontra o maior número de exemplares de cães d’água de Portugal. Na altura existiam existem cerca de 3.000.
É, no entanto, nos EUA que existe a maior parte de cães da raça portuguesa, um fenómeno desencadeado pela actriz Deyanne Miller, que aparecia em fotografias com um cão d’água comprado a Conchita Citron, a primeira portuguesa a tourear naquele País e que popularizou a raça.
Durante a expansão marítima portuguesa, o cão d’água servia de companhia nas viagens marítimas dos navegadores portugueses e até aos anos 70 auxiliava a comunidade piscatória portuguesa a identificar cardumes de peixe, detectar tubarões e servia de estafeta entre embarcações com mensagens ou objectos.
O cão d’água, que já esteve ameaçado de extinção, apresenta um porte médio de 55 centímetros, pode atingir os 20 quilos, tem um pelo especial que cresce continuamente provocando menos alergias e possui uma membrana interdigital desenvolvida para nadar melhor.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso