O fogo está a tornar Monchique num inferno. Infelizmente, já são mais de uma dezena de bombeiros feridos. Infelizmente, muitos deles ficarão entregues a si próprios. Sem os verdadeiros e merecidos apoios pós incêndio.
Resumir o esforço heróico dos bombeiros com cerimónias de reconhecimento público com algumas medalhas à mistura é pouco… é mesmo quase nada. Os portugueses e o País têm que parar para pensar se é apenas essa a retribuição que é devida aos bombeiros…
Faltam meios e condições de trabalho. Falta o reconhecimento de quem oferece a sua própria vida em prol dos outros. Faltam salários e carreiras dignas. Falta dar um futuro condigno a quem está sempre presente nos momentos de tragédia.
Ontem, eram mais de 700 operacionais a batalhar contra as chamas que lavram em Monchique, depois de ter sido ativado o Plano Municipal de Emergência.
O inferno de Monchique começou de forma “explosiva”. Temperaturas que chegaram a atingir os 47ºC e a humidade nos 14%.
Absurdo! Bombeiros em risco de vida permanente. Carros e casas atingidos pelo fogo. Vidas desfeitas. A tragédia já não é o inferno da força do fogo ardente que persiste. A tragédia é a incapacidade dramática das forças públicas perante a tragédia anunciada.
Do Poder Central fica, mais uma vez, a desilusão. Mas hoje, fica a reflexão sobre a responsabilidade ou não do Poder Local deixar as suas gentes reviverem um inferno anunciado.
Entre festas e festinhas, há muito mais a fazer pelas populações. Que 2018 seja o último ano em Monchique da tragédia anunciada. Se o Poder Central não sabe responder, espera-se do Poder Local uma resposta mais musculada.
Assistir à repetição da tragédia é injusto e irresponsável. As gentes de Monchique merecem e exigem mais…
Já na sexta-feira, cinco pessoas foram obrigadas a deslocarem-se para fora da localidade de Taipas, e mais de quinze foram deslocadas da Foz do Carvalhoso durante a noite como medida de prevenção. Também várias viaturas dos bombeiros ficaram queimadas, o que leve a reflectir seriamente sobre a falta de condições de segurança.
Há infra-estruturas de apoio agrícolas queimadas e receio das habitações poderem vir a ser afectadas. Três dias depois, já são casas e viaturas ardidas.
Segundo fonte do Comando Distrital de Operações do Socorro (CDOS) de Faro, às 07h50 de sábado fogo era combatido por cerca de 700 operacionais, 188 viaturas e seis meios aéreos.
Monchique está a ser consumido a demasiado tempo. É mais um inferno de sofrimento para as populações e para o nosso exemplar Exército da Paz.
Não se esqueçam da população de Monchique e das suas gentes. Mas sobretudo, não se esqueçam dos nossos gloriosos Homens da Paz.
A TODOS, O NOSSO PROFUNDO SENTIMENTO DE SOLIDARIEDADE. OBRIGADO!
Henrique Dias Freire – Jornalista