A Câmara de Monchique introduziu uma ementa vegetariana nas escolas, para promover hábitos alimentares saudáveis duas vezes por mês e até fomentar a aproximação entre culturas, num concelho com cerca de 20% de população estrangeira.
O projecto, iniciado no princípio deste ano, abrange todas as escolas do ensino pré-escolar e do ensino básico do município, na serra algarvia, e visa sensibilizar as crianças para as qualidades e vantagens de uma alimentação diferente.
“É uma alimentação muito equilibrada do ponto de vista nutricional, no sentido de criar hábitos saudáveis através de novos paladares”, disse à Lusa a coordenadora do gabinete municipal de Higiene e Segurança Alimentar, Ana Silva.
Pratos vegetarianos têm tido boa aceitação
De acordo com a responsável, os pratos vegetarianos “têm tido uma boa aceitação, sendo até os preferidos por algumas crianças, porque não têm que mastigar tanto e não encontram ossos nem espinhas”.
A nutricionista Ana Carvalho, coordenadora das ementas escolares no município de Monchique, considerou que as ementas vegetarianas “são uma forma de incutir mais legumes e variedade dos pratos”.
“Havendo duas vezes por mês um prato em que não há carne nem peixe e em que lhes oferecemos mais legumes, é uma tentativa de que eles incluam depois, nesses pratos de carne e peixe, mais legumes”, destacou.
A bolonhesa de soja, o macarrão de tomate com queijo e legumes, o Brás de legumes, o feijão com arroz e o grão com massa são os preferidos.
“Ao longo da semana, temos mantido uma alternância nos nossos menus entre massa, arroz e batata, onde tentamos introduzir o maior número de legumes”, observou Ana Carvalho, acrescentando que “decorrem pesquisas para se encontrarem receitas que sejam compatíveis com os gostos das crianças e que sejam aplicáveis numa cozinha escolar onde se confeccionam 375 refeições diárias”.
Autarca Rui André considera que comida aproxima culturas
A introdução de pratos vegetarianos na ementa escolar surgiu por iniciativa do presidente da Câmara de Monchique, Rui André (PSD), ao visitar um estabelecimento de ensino e ao verificar que um grupo de alunos estava a comer um prato diferente.
“Era uma comida à base de arroz, a qual achei que não era a mais adequada para as crianças. Indaguei sobre os motivos, ao qual me disseram que eram filhos de pais estrangeiros, com outra cultura, e que eram vegetarianos”, recordou o autarca, acrescentando que “até existia um certo tom jocoso por parte dos colegas”.
Segundo o autarca, foi a partir daí que resolveu avançar com um projecto alimentar que mostrasse que é normal escolher outro tipo de alimentação.
“O objectivo não é mudar radicalmente os hábitos, mas mostrar que há outro tipo de comida que nos enriquece enquanto seres humanos, aproximando as culturas existentes num município com cerca de 20% de população estrangeira, com outros hábitos alimentares”, sublinhou.
A iniciativa é também, para Rui André, “uma forma de educar para que de pequenino se aprenda a respeitar mais os outros, porque uma sociedade inclusiva é uma sociedade mais desenvolvida”.
(Agência Lusa)