Luís Mira Amaral, ex-ministro dos Governos de Cavaco Silva, foi o orador convidado pela Ambifaro para o jantar/conferência realizado pela empresa municipal recentemente em Faro e não deixou por mãos alheias os créditos de conhecimento dos dossiers quentes da agenda política nacional.
Num discurso marcado pelo senso de humor, Mira Amaral não poupou o Governo, sustentado na maioria parlamentar da coligação PSD/CDS-PP, e fez de Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, e de alguns dos seus ministros os alvos de uma oratória crítica e acutilante.
A abrir as hostilidades, o orador não poupou o executivo pela falha de aproveitar a crise e a ajuda externa para realizar no país uma verdadeira reforma fiscal.
Os alvos do início do discurso foram o ex-ministro de Estado e das Finanças Vítor Gaspar, a quem se referiu como “o verdadeiro primeiro-ministro que nada conhece da economia real”, considerando que este provou essencialmente “saber trabalhar com folhas de excel”.
“Passos Coelho foi o que se arranjou”
Mira Amaral considera que no panorama político após a demissão de José Sócrates, “Passos Coelho e Vítor Gaspar foi o que se arranjou. Foi o possível”.
O histórico do PSD parece assim partilhar em grande medida as opiniões de Manuela Ferreira Leite, ex-ministra das Finanças, que também não tem poupado o actual Governo.
Mas no que toca a ex-ministros de Cavaco Silva, Mira Amaral não tem opiniões condicentes com todos. Eduardo Catroga, enquanto negociador e estratega dos primeiros tempos do actual Governo, não escapa a críticas duras do orador do jantar/conferência promovido pela Ambifaro na sequência do primeiro Encontro Empresarial de Faro.
O rol de críticas à actuação do actual executivo português foi infindável, com Mira Amaral a deixar passar que “já deixei de tentar falar com o Dr. Coelho [Pedro Passos Coelho]”, acabando por antecipar que “nas próximas eleições não voto em ninguém”, tal a desilusão com o seu partido, o PSD.
Bruno Lage, presidente da Ambifaro, trouxe ao Algarve um político e orador hábil, demonstrador de um profundo descontentamento com o actual Governo, que parece ter agradado ao nível do discurso à maioria dos presentes na sala ,também eles em grande parte do PSD. Sinal dos tempos.