O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse esta segunda-feira que o problema em Portugal não é a falta de médicos, mas sim a organização do trabalho médico, e anunciou um novo instrumento legislativo para regular a mobilidade dos profissionais.
“Existem algumas especialidades carenciadas, mas o que faz falta ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), é, sobretudo, organização, gestão e partilha de recursos, em que os hospitais que têm maior capacidade em determinadas áreas ajudam aqueles que têm menores capacidades e evitam aquilo que tem sido a linha de tendência dos últimos anos: uma espécie de resignação interna”, disse o governante.
Adalberto Campos Fernandes, que falava no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), numa cerimónia de assinatura de 15 protocolos de cooperação entre aquela instituição e entidades hospitalares da região Centro, do Algarve e da Região Autónoma da Madeira, disse que este é o caminho para um “SNS forte”.
“Neste tempo de incerteza, esta cerimónia revela bem a ideia que o Governo tem para o SNS: uma ideia de união e não de divisão, de integração e de internalização”, sublinhou o ministro, referindo que um “SNS forte é aquele que coopera entre si, onde as paredes se deitam abaixo e não existem hospitais melhores ou piores do que outros, existem apenas hospitais e realidades diferentes”.
Salientando que Coimbra “faz bem à saúde e muito bem pela saúde”, o governante disse que a assinatura dos protocolos entre o CHUC e outras instituições hospitalares é o “exemplo de que é possível uma entreajuda, compensando e respeitando o trabalho das pessoas”.
“Leva-nos a acreditar que daqui por um ou dois anos teremos seguramente um SNS diferente, rejuvenescido, revigorado, mais forte e mais capaz de ser apreciado pelos cidadãos como o melhor serviço público que existe no país”.
Repetindo uma ideia já revelada, Adalberto Campos Fernandes disse que os hospitais portugueses não podem continuar a gastar centenas de milhões de euros com recurso a actividades no exterior e que o próximo Orçamento do Estado “será muito exigente, porque terá um grande corte naquilo que são as prestações privadas ou adquiridas fora dos hospitais públicos”.
O titular da pasta da Saúde anunciou ainda a implementação do registo de saúde electrónico para evitar a repetição e redundância de exames, que, “por falta de diálogo”, custa muito dinheiro ao país, além de uma maior optimização e rentabilidade dos equipamentos públicos.
(Agência Lusa)