Sérgio e Isabel, de Tavira, estão a ser pressionados pelo banco para pagar uma dívida contraída pelo filho, de quem aceitaram ser fiadores. O banco ameaça leiloar a sua casa em hasta pública e a filha criou uma campanha de angariação de fundos para tentar salvar a casa dos pais.
“Os meus pais tentaram um pouco de tudo para pagar ao banco, pelo meu irmão, mas a verdade é que arrestaram o único bem do meu pai, a casa, e há muitos anos que penhoram a minha mãe”, diz Michelle Malheiro do Vale Hapetian, filha do casal.
Isabel, de 74 anos, sobreviveu a um cancro que a deixou incapacitada e, de acordo com a filha, continua “a ser penhorada por diferentes entidades, ad aeternum, sem saber já o que é que está a pagar”. Sérgio, com 75 anos, dedicou a vida aos tapetes orientais, vivia do parco rendimento das feiras e hoje tem uma reforma equiparada ao ordenado mínimo nacional. Vive com uma doença crónica em estado grave, ao cuidado da filha, com está a morar.
“Intervim agora eu, mas, como podem calcular, como trabalhadora freelance, tenho poucas hipóteses de conseguir empréstimos para pagar a dívida ao banco e salvar a casa do meu pai”, refere Michelle, que, optou por recorrer a uma campanha na GoFundMe “em desespero de causa”.
Ainda em negociações com o banco, Michelle revela que o processo todo se desenrola sob a ameaça de a casa ser posta à venda “a qualquer momento” e que, a conseguir um empréstimo para saldar a dívida, “será uma soma brutal que não sei se consigo suportar muito tempo”.
Sérgio e Isabel aceitaram ser fiadores de um dos filhos para a compra de uma casa há muitos anos e “por diversas vicissitudes da vida, entre elas, a irresponsabilidade do meu irmão, essa casa teve de ser entregue ao banco”, conta Michelle, que revela que a casa do irmão inclusivamente já foi vendida, mas que o banco continua a cobrar o valor remanescente.
“Neste momento, a minha mãe já não tem dinheiro para sobreviver, com as penhoras constantes, mas, mais importante do que tudo, o meu pai está prestes a ficar sem a sua casa”, afirma, lamentando que “todos cometemos erros, na vida, mas alguns são cometidos por amor”.
Michelle acredita que a mãe “já pagou e repagou a dívida”, mas “por mais voltas que dermos, o banco, que é um desses que mais nos tem custado a nós contribuintes, não cede.”
Em troca do apoio, Michelle oferece os seus serviços enquanto tradutora, intérprete e revisora, os do companheiro fotógrafo, móveis e outras antiguidades e mesmo a casa dos pais para férias, uma vez que “se situa em Tavira, perto da praia.”