Roberta Metsola venceu a corrida interna e é candidata do grupo do PPE à presidência do Parlamento Europeu (PE), devendo suceder ao socialista italiano David Sassoli dentro de dois meses. A eurodeputada maltesa, que é atualmente uma das vice-presidentes do PE, foi eleita com 64,4% dos votos. Conseguiu 112 apoios, derrotando a holandesa Esther de Lange (44 votos) e o austríaco Othmar Karas (18 votos).
Conhecidos os resultados, afirmou sentir-se “honrada por ter recebido um mandato forte do Grupo PPE” para liderar o PE na segunda metade da legislatura, até à primavera de 2024. Diz que o período “será crucial para a Europa” e promete trabalhar “arduamente para continuar a construir pontes” no Parlamento.
A expectativa é de que venha a ser eleita pelo hemiciclo a 18 de janeiro, quando termina o mandato de Sassoli e for escolhido um sucessor. Mas para isso precisa que os Socialistas & Democratas (S&D) – e também os liberais do Renovar Europa – votem nela, tal como o PPE apoiou o italiano em julho de 2019, no âmbito de um acordo entre grupos políticos.
S&D PODE NÃO DESISTIR DA PRESIDÊNCIA
“Da mesma forma que o Grupo PPE respeitou o acordo em 2019 e votou em David Sassoli sem propor um candidato próprio, apelamos ao S&D para honrar o acordo no mesmo espírito de cooperação leal”, voltou a insistir, esta quarta-feira, Manfred Weber, líder da bancada do PPE.
O presidente do Parlamento Europeu é eleito por um período de dois anos e meio e o cargo várias vezes tem alternado entre os dois maiores grupos políticos: o PPE e o S&D. No entanto, várias notícias têm dado conta da disponibilidade de Sassoli para continuar no cargo até ao final da legislatura.
O Grupo Socialista ainda não terá tomado uma decisão e o acordo mantém-se válido, mas, ao que o Expresso apurou, o S&D pode usar vários argumentos para dar o acordo como inválido. Por exemplo, pelo facto de o PPE ter escolhido um candidato – Metsola – diferente daquele que se antevia em 2019 e que na altura era Manfred Weber.
Vários socialistas consideram ainda que a família política tem atualmente um peso maior do que tinha após as últimas europeias – desde logo com a conquista da cadeira de chanceler alemão por Olaf Sholz – e, no entanto, de lá para cá perdeu a presidência do Eurogrupo para o centro-direita.
Outro argumento que pode ser utilizado é o da pandemia e a forma como atrapalhou o mandato de Sassoli, impedindo várias reformas e muito trabalho presencial.
SÓ DUAS MULHERES PRESIDIRAM AO PE EM 64 ANOS
Esta quarta-feira, Weber elogiou a competência e capacidade de liderança de Metsola – de 42 anos -, que pode ser terceira mulher – em 70 anos – a presidir ao Parlamento Europeu, depois das francesas Nicole Fontaine e Simone Veil.
Deste 2002, quanto terminou o mandato de Fontaine – na altura derrotou Mário Soares -, que todos os presidentes são homens. No total, desde 1958 foram mais de duas dezenas. “Pensamos também que já é tempo de o próximo presidente do Parlamento Europeu ser uma mulher”, diz Weber.
Metsola teve o apoio dos eurodeputados do PSD e também de Nuno Melo, do CDS.
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL