O Presidente da República considerou hoje que em 2020 Portugal foi um “exemplo de cooperação institucional alargada” que “mostra como a democracia está sólida” e pediu aos portugueses que tenham cuidado na celebração do Natal.
O chefe de Estado falava numa sessão de apresentação de cumprimentos de boas festas por parte do Governo, na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa, em que o primeiro-ministro, António Costa, participou à distância, aparecendo em direto num ecrã em tamanho real colocado ao lado direito do chefe de Estado.
Dirigindo-se para António Costa, que está em isolamento na residência oficial de São Bento, em Lisboa, por ter estado com o Presidente francês, Emmanuel Macron, a quem foi diagnosticada infeção com o novo coronavírus, Marcelo Rebelo de Sousa disse-lhe que “está presente, apesar de não estar presente, e assim se cumpre a tradição”.
“É simbólico que nos esteja a falar a partir de uma situação de confinamento imposto pela pandemia por um contacto pontual, específico, limitado, mas que é partilhado por muitos portugueses: temos mais de 65 mil portugueses a braços com a pandemia, e mais umas dezenas de milhares em quarentena, como vossa excelência, por contactos considerados de risco mais elevado. E, portanto, isto é uma lição: os portugueses sabem que pode acontecer a qualquer um”, considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que também ele já cumpriu “uma quarentena, quando isso era incompreensível para o comum dos mortais”, em março, e em seguida subscreveu o pedido do primeiro-ministro aos portugueses para que tenham cuidado nesta quadra do Natal para conter a propagação da covid-19.
“É muito importante que os portugueses ouçam este apelo convergente dos vários órgãos de soberania. Vossa excelência tem-no feito permanentemente em nome do Governo, eu tenho-o feito como Presidente da República. É fundamental que os portugueses, reencontrando-se, depois de dez meses de afastamento, convivendo, como é próprio da quadra natalícia em termos de espírito de família, tenham presente que a sua vida e a vida dos outros não acaba no dia 26 de dezembro”, afirmou.
O Presidente da República advertiu que “aquilo que se fizer ou não fizer nesses dias vai determinar as semanas seguintes, os meses seguintes, o começo do ano de 2021”, e insistiu que deve existir um “contrato de confiança” entre todos os portugueses, salientando que “o que cada um faz pode determinar a vida dos demais”.
Relativamente a 2020, Marcelo Rebelo de Sousa apontou as sessões com epidemiologistas sobre a evolução da covid-19 no território nacional para defender que Portugal foi um “exemplo de cooperação institucional alargada” que “mostra como a democracia está sólida ao fim de pouco mais de 40 anos”, observando: “Muitos teriam dúvidas disso”.
Segundo o chefe de Estado, nas sessões epidemiológicas que se realizaram maioritariamente no Infarmed, em Lisboa, foi possível ter “em convergência os órgãos de soberania”, mas também “os partidos políticos, parceiros económicos e sociais, confissões religiosas, instituições da sociedade civil portuguesa”.
“Nenhum outro país adotou este tipo de procedimento, não conheço país que, com periodicidade, tenha mantido este tipo de reuniões, com um objetivo muito claro: reforçar a coesão nacional”, apontou.
Na Sala dos Embaixadores estavam presentes os ministros de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e de Estado e da Finanças, João Leão.