A Doca de Faro foi o ponto de partida daquela que é uma “chamada de atenção” ao Governo por parte de um grupo de empresários, comerciantes e trabalhadores que se dizem “esquecidos” e “injustiçados” com as medidas de apoio à covid-19.
Com o estado de emergência em vigor desde dia 9 de novembro, vários municípios entraram no grupo de risco elevado para a transmissão da covid-19, tendo de obedecer a um conjunto de novas regras, como o recolher obrigatório, novos horários e ainda o fecho às 13:00 horas no fim de semana.
“Todos os anos pagamos cada vez mais impostos e agora continuamos a pagar impostos, mesmo com a porta fechada!”, foi um dos desabafos de indignação ouvidos.
A manifestação “A Pão e Água” está neste momento a decorrer e a ‘voz de ordem’ são várias: “Parem de nos enganar, só queremos trabalhar!”.
Um outro ‘refrão ouvido’ é de forte crítica ao primeiro-ministro; em coro ouvem-se vozes em uníssono gritando: “Costa aldrabão, o meu filho não tem pão!”
Como vai ser o nosso Natal?
Um dos temas abordados foi o Natal. “Como vai ser o nosso Natal?”, interrogaram-se os presentes. A falta de apoios por parte do Governo é o tema central, de vários empresários, comerciantes e trabalhadores que juntam para reclamar os seus direitos.
“Se o Governo quer que fechemos portas, paguem-nos!”, referiram ainda nos protestos. Apesar da manifestação se estar a realizar em Faro, estão presentes pessoas praticamente de todo o Algarve. São visíveis cartazes e T-shirts alusivos a vários concelhos algarvios, nomeadamente, Vila Real de António e Tavira.
Os protestos surgem na sequência das medidas instauradas pelo Governo de António Costa, que está, segundo os protestantes, a “matar a economia”. “Isto é uma farsa e uma palhaçada, a restauração fatura mais nos fins de semana e está fechada”, frisam.
Vídeo D.R. de Bruno Fraga
No Algarve, para além de São Brás de Alportel, o primeiro município a ser incluído, Faro, Albufeira, Portimão, Lagos, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António estão na lista.
Mais de oito milhões de portugueses, residentes em 191 concelhos, estão este fim de semana sujeitos ao recolher obrigatório a partir das 13:00, decretado pelo Governo no âmbito do estado de emergência devido à pandemia de covid-19.
O movimento espontâneo de cidadãos “Acorda Algarve” também organizou uma manifestação de sensibilização em Albufeira, de modo a exigir que os mesmos tomem medidas para que a economia e as famílias do Algarve sobrevivam neste momento de pandemia da covid-19.
“A nossa região necessita de apoios governamentais e medidas concretas que nos ajudem a sobreviver e a manter postos de trabalho durante este momento tão peculiar em que se vive, que nos tem impedido de trabalhar e contribuir para os rendimentos das nossas famílias e empresas”, explicou o movimento em comunicado.
Portugal contabilizava ontem mais 61 mortos relacionados com a covid-19 e 6.489 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS). Desde o início da pandemia, Portugal já registou 3.762 mortes e 249.498 casos de infeção, estando ativos 82.736, mais 1.352 do que na quinta-feira.
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