No ano de 2023 foram registados no continente 1.539 atropelamentos de animais nas estradas geridas pela Infraestruturas de Portugal (IP), menos 28,3% do que em 2022, de acordo com o relatório mais recente do organismo.
A recolha dos dados sobre a mortalidade da fauna nas estradas portuguesas é feita desde 2010 pelas Unidades Móveis de Intervenção e Apoio (UMIA) distritais da IP.
Relativamente ao relatório de 2023, o mais recente da empresa, a informação é relativa a cerca de 13.830 quilómetros de vias que estão sob gestão direta da IP, na sua maioria estradas nacionais (EN) ou regionais (ER).
Em 2023 foram registados 1.539 atropelamentos no continente, o que representa uma diminuição em cerca de 28,3% do valor registado em 2022 (2.147) e 37,7% mas baixo do que o valor médio dos anos 2015 a 2022 (2.471,9).
Em declarações à agência Lusa, a bióloga Graça Garcia, coordenadora do relatório, explicou que “é natural existirem flutuações nestes números, decorrente de variáveis como o clima, disponibilidade alimentar, as doenças epidemiológicas, assim como as alterações nos níveis de tráfego”.
Contudo, a responsável ressalvou que “a IP tem levado a cabo nos últimos anos um conjunto de medidas que têm contribuído para diminuir o número de atropelamentos”.
“A continuidade do Programa de Monitorização da Mortalidade de Fauna permite avaliar a eficácia das medidas implementadas, tendo já sido possível perceber uma redução da mortalidade das espécies-alvo na maioria dos troços intervencionados, demonstrando que os objetivos do programa estão a ser cumpridos”, sublinhou.
De acordo com o relatório, os animais domésticos foi um dos grupos que registou mais mortalidade, com 488 ocorrências, constituindo 32% dos registos totais de 2023.
Dentro deste grupo, os registos de maior mortalidade nas estradas foram de gatos, uma vez que “têm mais facilidade em trepar as vedações existentes nas autoestradas”.
No que respeita a animais silvestres, a maior incidência verificou-se nos mamíferos carnívoros (70,6%), maioritariamente raposas, seguindo-se as aves (23,5%), como as garças-boleiras e as aves noturnas de rapina.
Em menor número foram os répteis (3,3%) e os anfíbios (2,4%), o que poderá estar relacionado com “a sua baixa detetabilidade e elevada taxa de degradação”.
No que respeita a animais de grande porte, as ocorrências aumentaram relativamente ao ano anterior, tendo sido registadas as mortes de quatro corços, nove veados e 63 javalis.
As estradas identificadas como mais problemáticos pela IP foram o Itinerário Complementar 1 (IC1), o IC33 (Santiago do Cacém – Grândola), Estrada Nacional 4 (EN4, Montijo – Elvas), EN114 (Peniche – Évora), EN18 (Guarda – Ervidel), EN380 (Évora), IC8 (Pombal – Vila Velha de Ródão), EN260 (Beja – Vila Verde de Ficalho) e IC27 (Castro Marim – Alcoutim).
A melhoria das vedações existentes e a construção em estradas onde não existem, assim como a edificação de passadiços e a realização de obras de beneficiação são algumas das medidas que a IP tem levado a cabo no sentido de reduzir o número de animais que são atropelados.
“De referir, ainda, que foi recentemente implementada uma solução de alerta aos condutores, em tempo real, da presença de linces ibéricos junto à estrada, através da aplicação móvel ‘Waze’, para reforçar a sua atenção e reduzir o risco de atropelamento”, explicou a coordenadora do relatório.
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