Dois em cada três algarvios utiliza o carro ou outro transporte individual para as suas deslocações obrigatórias, ainda que a maioria destes movimentos se faça dentro da freguesia de residência, concluiu um estudo apresentado na quarta-feira.
De acordo com o estudo “Desafios e Oportunidades para a Mobilidade no Algarve”, 68% da população algarvia faz as viagens obrigatórias (entre casa e trabalho ou entre casa e escola) em transporte individual, 22% a pé e apenas 10% em transporte colectivo, na sua maioria em autocarro (60%) ou em transporte escolar (30%).
O estudo, encomendado pela Comissão de Coordenação Regional e Desenvolvimento (CCDR) do Algarve e com base nos dados dos Censos 2011, concluiu ainda que 63% destas deslocações são dentro da mesma freguesia, 21% para fora da freguesia de residência e apenas 11% para fora do concelho, indicou o coordenador do estudo, João Belard Correia.
De acordo com o presidente da CCDR/Algarve, David Santos, o facto de a utilização dos transportes colectivos no Algarve ser “incipiente” tem a ver com as curtas distâncias percorridas e com a “deficiência e nalguns casos inexistência de oferta”, o que faz com que haja uma “elevada dependência” do automóvel para realizar viagens obrigatórias.
Introdução de portagens na A22 acentua insegurança rodoviária
O estudo, que tem como horizonte temporal o ano de 2030, aponta como pontos fracos da mobilidade no Algarve o afastamento de algumas das estações ferroviárias no Algarve dos centros urbanos, a inexistência de interfaces entre os vários transportes e a utilização onerosa da rede rodoviária de elevada capacidade.
A introdução de portagens na Via do Infante (A22), em Dezembro de 2011, é mesmo vista como uma ameaça, não só por congestionar a restante rede viária, como pelo facto de ter acentuado a insegurança rodoviária nos eixos de maior procura, nomeadamente, a Estrada Nacional 125, cuja requalificação tem sido sucessivamente adiada.
De acordo com o estudo, para a concretização de um modelo de mobilidade sustentável para a região, é necessário utilizar a linha ferroviária como eixo estruturante do transporte colectivo, bem como começar a trabalhar na integração tarifária, com recurso à tecnologia, para o carregamento de títulos de transporte.
Para os próximos 15 anos, o estudo sugere que, gradualmente, sejam criados “shuttles” de autocarro entre as cidades e as estações ferroviárias, numa fase posterior um interface em Faro que congregue o transporte rodoviário e ferroviário e, em 2030 e após esse ano, a implementação de interfaces entre o Barlavento e o Sotavento algarvios.
É também sugerido, numa primeira fase, em 2010, o incentivo à utilização de veículos movidos a GPL (Gás de Petróleo Liquefeito), em 2030 de veículos híbridos e após 2030 de veículos eléctricos.
O estudo, apresentado na CCDR/Algarve, foi desenvolvido pela empresa Terraforma, Sociedade de Estudos e Projectos.
Na ocasião, foi ainda apresentado o Portal da Mobilidade e Transportes, um projecto desenvolvido pela CCDR/Algarve em parceria com o Centro de Cartografia da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa.
(Agência Lusa)