Uma nova ameaça invasora pode estar a caminho de Portugal. A vespa soror, uma espécie originária da Ásia, foi recentemente identificada na região das Astúrias, em Espanha, e está a preocupar especialistas e autoridades. Considerada mais perigosa do que a já conhecida vespa asiática (Vespa velutina), esta nova espécie suscita receios não apenas pelo impacto no ecossistema, mas também pelos potenciais riscos à saúde pública.
Uma ameaça que exige ação imediata
A Associação Apícola de Entre Minho e Lima (APIMIL) já apelou às autoridades portuguesas para adotarem “ações concretas e bem dirigidas” para prevenir a entrada da vespa soror no território nacional. Alberto Dias, presidente da APIMIL, sublinhou que, embora ainda não haja registo da presença desta espécie em Portugal, a proximidade com a Galiza exige uma resposta proativa para evitar a repetição da “praga” causada pela vespa asiática.
Como chegou à Europa?
Segundo um estudo realizado pela Universidade de Oviedo, quatro exemplares da vespa soror foram identificados nas Astúrias entre março de 2022 e outubro de 2023. Acredita-se que tenham chegado como “passageiras” em contentores de transporte de mercadorias. Estas vespas utilizam materiais ou recipientes como abrigos temporários, sobretudo durante condições meteorológicas adversas, o que facilita a sua disseminação inadvertida por parte dos seres humanos.
A vespa soror, assim como a sua parente asiática, entrou na Europa através de França. A vespa asiática foi inicialmente detetada no porto de Bordéus em 2004 e chegou a Portugal, pela região do Alto Minho, em 2011.
O que distingue esta espécie?
De acordo com o estudo publicado na revista Ecologia e Evolução, a vespa soror possui uma coloração tricolor característica, combinando áreas pretas, castanho-escuro, castanho-claro e amarelas. Destaca-se ainda pela sua cabeça proporcionalmente grande e pelo comportamento agressivo como predadora.
Esta espécie é capaz de caçar invertebrados de vários tamanhos, desde borboletas e gafanhotos até outras vespas e pequenos vertebrados como lagartixas. As vespas soror obreiras podem atingir 35 milímetros de comprimento, enquanto as rainhas chegam aos 46 milímetros, valores superiores aos registados para a vespa asiática.
Além disso, o veneno da vespa soror é particularmente potente, causando picadas extremamente dolorosas com efeitos duradouros. Esta característica levanta preocupações adicionais em termos de saúde pública.
O que está a ser feito em Portugal?
O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) assegura que, até ao momento, não foram identificados exemplares da vespa soror em território português. Contudo, a vigilância ativa já está em curso, como parte do Plano de Ação para a Vigilância e Controlo da Vespa Velutina.
Este plano inclui medidas preventivas para a deteção de outras espécies invasoras, como a vespa soror e a vespa orientalis, que também tem vindo a aumentar a sua presença no sul de Espanha. O ICNF apelou ainda à população para reportar eventuais avistamentos destas espécies através do endereço eletrónico [email protected].
Impactos no ecossistema e na saúde pública
A invasão da vespa soror pode trazer consequências significativas para a biodiversidade e os serviços ecossistémicos. A sua presença, aliada à disseminação da vespa asiática, pode criar um efeito cumulativo na pressão predatória sobre outras espécies, incluindo abelhas, que já enfrentam desafios devido à ação humana e às alterações climáticas.
Como sublinham os investigadores da Universidade de Oviedo, “os resultados preliminares levantam preocupações sobre a ameaça potencial da vespa soror na saúde humana e na dinâmica do ecossistema”.
O que fazer em caso de avistamento?
Para minimizar o risco de invasão, é essencial que a população esteja informada e colabore com as autoridades. O ICNF apela ao rápido reporte de qualquer avistamento suspeito. Além disso, a prevenção passa por evitar o transporte inadvertido de materiais que possam servir de abrigo a estas vespas durante as suas fases de inatividade.
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