passará a ligar as cidades âncora da rede, Sevilha e Lisboa, com um corredor ferroviário de dupla linha electrificada e, de uma assentada, consegue completar o eixo atlântico da rede europeia de ferrovia (Vigo – Faro), o anel Ibérico da mesma rede (que circula todo o limite costeiro de Portugal e Espanha ligando as principais cidades do litoral) e o corredor ferroviário do Sul da Europa.
Os Governos português e espanhol vão avançar em conjunto para a conclusão do corredor ferroviário do Sul da Europa fazendo a ligação entre as cidades de Sevilla e Lisboa as únicas grandes cidades do Sul da Europa Ocidental ainda não conectadas por comboios.
A notícia da decisão conjunta dos dois executivos resulta da disponibilidade de verbas do Banco Europeu de Investimento (BEI) no quadro do Plano Junker e do Fundo Europeu para os Investimentos Estratégicos (FEIE) a que ambos os Estados podem agora aceder para completar um projecto que promete revolucionar a mobilidade no Sul da Península Ibérica e concluir o ramo Sul-Sudoeste do Plano Europeu de Mobilidade Ferroviária.
BEI tem verbas para emprestar a juros muito baixos e prazos alargados de reembolso
O Plano Juncker – denominado no seguimento do nome do presidente da Comissão Europeia – está activo desde 2014 e tem vários projectos já seleccionados para financiamento em Portugal, tendo sido pensado como um programa de alavancagem da economia europeia para investimentos não enquadráveis nos apoios dos instrumentos de coesão típicos do Orçamento da União até 2020.
De acordo com fontes ligadas ao gabinete de estudos económicos por detrás da propostas conjunta dos Governos de Portugal e Espanha, a selecção deste projecto para acesso aos fundos do BEI, resultou da recente visita ao nosso país – depois de ter estado em Madrid – do vice-presidente do BEI, Román Escolano, que realizou um périplo pelos países mais periféricos da União em busca de projectos que pudessem ser acomodados dentro das verbas disponibilizadas pela instituição financeira.
935 milhões de euros de investimento
Ao todo o projecto somará um investimento 935 milhões de euros (ME) repartidos entre Portugal (553 ME) e Espanha (182 ME) e financiados até 80% por empréstimos do BEI aos dois Estados-Membros a taxas de juro muito reduzidas e realizados a muito longo prazo.
No investimento conjunto estão 200 milhões de euros para a construção da Ponte Ferroviária do Guadiana, com custos suportados em partes iguais pelos dois países.
As alterações comuns aos dois lados da fronteira
O corredor ferroviário do Sul da Península Ibérica passará a ligar as cidades âncora da rede, Sevilha e Lisboa, com um corredor ferroviário de dupla linha electrificada e, de uma assentada, consegue completar o eixo atlântico da rede europeia de ferrovia (Vigo – Faro), o anel Ibérico da mesma rede (que circula todo o limite costeiro de Portugal e Espanha ligando as principais cidades do litoral) e o corredor ferroviário do Sul da Europa.
Em Portugal 553 milhões para ligar Lisboa a Vila Real de Santo António com a ligação entre a capital e Faro a ficar-se pelas 2.35 horas
Do lado luso da fronteira as maiores alterações passam pela duplicação da linha ferroviária entre a Funcheira e Vila Real de Santo António. Actualmente a linha só é electrificada até Faro e de acordo com o que o POSTAL apurou, o financiamento do plano de investimento já existente para a electrificação entre Faro e Vila Real de Santo António será redireccionado para o novo projecto numa estratégia de realocação das verbas já cabimentadas.
Assim, a estação da Funcheira, onde actualmente termina a via dupla na linha do Sul, passa a estar ligada também em via dupla electrificada à estação de Faro nos troços Funcheira – Amoreiras – Luisianes – Santa Clara de Sabóia – Pereiras – São Marcos da Serra – Messines / Alte – Tunes até 2021.
Ainda antes desta data, as ligações Tunes – Albufeira – Loulé – Faro passarão a ter também via dupla, algo que se prevê seja realidade até 2019.
A ligação Faro – Olhão – Tavira – Vila Real de Santo António / Ponte Ferroviária do Guadiana que será duplicada e electrificada será concluída até 2020, nas três frentes de obra que decorrerão em Portugal
A explicação da demora maior na construção da ligação Funcheira – Tunes prende-se com a necessidade de revisão do traçado da linha neste troço de serra que incluirá várias pontes e viadutos capazes de garantir a utilização da via pelo Alfa Pendular e pelo seu congénere espanhol em plena velocidade máxima, algo que hoje não é possível.
No final da execução dos trabalhos o Alfa Pendular ligará Faro a Lisboa em 2.35 horas.
Do lado espanhol troços entre Gibraleón – Ayamonte garantem ligação a Huelva e Sevilha
Em Espanha as obras passam pela reactivação da ligação entre a estação de Gibraleón (no ramal Huelva – Zafara) – Aljaraque – Cartaya – Tariquejo – Lepe – La Redondela – Isla Cristina – Ayamonte/ Ponte Ferroviária do Guadiana.
A ligação, desactivada na década de 90 do século XX, terá também de receber uma plataforma de via dupla electrificada e prevê-se que esteja terminada em 2019.
A ponte internacional que permitirá atravessar o Guadiana de comboio cruzando a fronteira estará concluída em meados de 2020.
De acordo com os estudos preliminares a conclusão de todo o traçado dos dois lados da fronteira permitirá ligar Lisboa a Sevilha e pouco menos de cinco horas.
Entretanto amanhã, 2 de Abril, será realizada em Lisboa a apresentação dos vários projectos financiados pelo BEI em Portugal entre os quais figura esta ligação que promete revolucionar a forma como entendemos a mobilidade no Algarve e na Península Ibérica.