A Câmara de Lagos solidarizou-se hoje com as propostas do município da Nazaré para garantir a sustentabilidade da pesca do cerco, defendendo igualmente que a quota de pesca de sardinha permitida pela União Europeia para 2020 aumente para 30.000 toneladas.
Em comunicado, a autarquia destacou a “importância económica e social” da pesca de cerco para o concelho de Lagos, no distrito de Faro, e por isso decidiu apoiar as medidas já proposta por órgãos autárquicos da Nazaré para defesa desta arte, entre elas “a reestruturação e modernização da frota de cerco nacional”.
O “apelo a uma análise alargada dos fatores com influência no ‘stock’ de sardinha” e a “aposta na investigação científica” desenvolvida pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)” são outras das medidas propostas, a par da “subscrição da posição das associações ibéricas de pesca da sardinha”, que pretendem o aumento da quota para 30.000 toneladas em 2020.
A Câmara de Lagos qualificou como “insuficientes” as quotas de pesca atribuídas a Portugal, bem como “as restrições fixadas pela União Europeia para espécies como a sardinha, carapau e biqueirão”, que considera serem “contraditórias com os dados científicos relativos à biomassa destas espécies”.
O município argumentou que a sua posição decorre de “um contexto de reforço do papel das atividades piscatórias e das suas fileiras” e da retoma, no concelho, “de investimentos em atividades industriais associadas à transformação de pescado, setor que tem um peso histórico e cultural importante na memória e identidade” locais.
Em novembro de 2019, a Assembleia Municipal (AM) da Nazaré, no distrito de Leiria, aprovou por unanimidade uma moção de apoio à pesca do cerco, solidarizando-se com os armadores e pescadores que exigiam pescar 30.000 toneladas de sardinha em 2020.
A moção apontou as “enormes restrições ao acesso aos recursos, à modernização da frota” e “às possibilidades de valorização dos produtos da pesca” e lamentou que estas estivessem a “colocar em causa a sustentabilidade da própria atividade” no país.
Aquele órgão autárquico considerou que a recuperação da sardinha, demonstrada por cruzeiros científicos realizados em águas nacionais, aponta para um crescimento da espécie no oceano exigindo, por isso, “o aumento das capturas de sardinha para 30.000 toneladas no ano de 2020”.
A posição da AM da Nazaré foi adotada em consonância com as reivindicações aprovadas no 4.º Encontro Ibérico do setor da produção de sardinha, realizado também em novembro de 2019, em Matosinhos, no distrito do Porto.