A JuvAlbuhera – Associação Juvenil de Albufeira nasceu no início de 2018, após conversas entre três amigos de Albufeira. A associação é constituída atualmente por 18 elementos de diversas áreas, tais como, comunicação, desporto, arquitetura, psicologia, advocacia, marketing e relações públicas.
Roberto Leandro, presidente da JuvAlbuhera, falou com o POSTAL acompanhado por Maria João Barbedo, vogal da direção. “Eu, o Filipe Rossa e o Norberto Ataíde decidimos abraçar este projeto que foi partilhado com a câmara, em particular, com o Paulo Dias e o Dr. Carlos Silva e Sousa que lhe deram todo o impulso” precisamente pela “falta que fazia, pela novidade que trazia ao concelho e pela ajuda que poderia constituir também para a própria dinâmica que a câmara quer incutir na abordagem à juventude”.
O responsável explicou ao POSTAL como é que a ideia foi colocada em prática: “nós reunimo-nos, pela primeira vez, em maio com vários jovens para tentar perceber o que estava bem, o que estava mal, o que é que era preciso mudar e como se poderia fazê-lo”, salientando que “no verão as coisas ficaram um pouco estagnadas devido ao ritmo de trabalho elevado, mas no início do ano letivo avançámos em força”.
A associação está quase a cumprir os sete meses do primeiro mandato
A associação foi fundada a 22 de outubro de 2018.
Quanto à atribuição de funções dentro da associação decidiu-se que “eu ficaria como presidente, o Filipe Rossa como vice-presidente e o Norberto Ataíde como primeiro secretário da direção”, no entanto “não vejo os cargos como algo vinculativo, limitativo das nossas funções e da nossa capacidade de intervir na tomada de decisões e no processo criativo da associação” porque “para mim somos todos iguais na responsabilidade, no direito e no dever que temos em relação à JuvAlbuhera”, mencionou o dirigente.
A JA pode ser considerada uma associação juvenil pois só dois membros é que apresentam idades superiores a 30 anos. Para existir uma associação dita juvenil é necessário que 75% dos elementos tenham menos de 30 anos.
A JuvAlbuhera apresenta uma equipa de trabalho mista
“A equipa foi crescendo e fomos conhecendo outros jovens do concelho” e “orgulhamo-nos de ter uma equipa muito mista, existindo uma enorme equidade em termos de género, o que resulta em ideias muito harmoniosas e acrescenta sensibilidade à JuvAlbuhera”, acrescentou.
O jovem albufeirense prosseguiu, mencionando que “temos na associação vários jovens que têm militância, mas a grande maioria dos elementos é neutra, ou seja, concordam com muitas medidas que são colocadas em prática pelo executivo, assim como, discordam de outras” e “obviamente querem contribuir para todos os organismos públicos, privados, políticos, não-políticos, que queiram fazer algo útil pelo concelho”.
Maria João Barbedo complementa a ideia de Roberto Leandro, afirmando que “a associação nasce de forma isenta. Nós orgulhamo-nos de não fazer parte deste executivo e de nenhum outro que venha”, sublinhando que é importante “que exista este tipo de isenção e queremos ir por esse caminho”.
Os jovens albufeirenses decidiram criar a associação para poder contribuir de forma efetiva para o concelho.
Segundo a vogal da direção, “existe aqui muito de um sonho deles, dos que são de cá e querem fazer algo mais por Albufeira no que diz respeito aos jovens”, pois “eles nasceram e cresceram cá e sentiram que existiam aspetos que poderiam e deveriam ser melhorados”.
Roberto Leandro acrescenta que “nós já participávamos de alguma forma na vida social, cultural e solidária da cidade, através da igreja, bandas, clubes desportivos, escuteiros e como membros de várias associações”.
Quanto aos objetivos delineados pela associação, Roberto Leandro é bastante firme, “o fazer depende muito dos outros. As pessoas perguntam-me, muitas vezes, o que é que nós queremos fazer para os jovens e eu acho que a pergunta deveria ser precisamente: o que é que nós queremos fazer com os jovens?” porque “nós acreditamos que temos na nossa terra todas as condições, matérias-primas, humanas e não só para levar a cabo todo o investimento necessário, quer seja na cultura, sociedade, juventude, ou outras áreas, tanto a nível individual como coletivo”.
Por sua vez, a JuvAlbuhera está preocupada com o facto de ainda não ter uma sede. “Precisamos de um apoio que, na minha opinião, decide o seu futuro próximo da JA, que é o facto de ter uma sede”, pois se não “tivermos um espaço físico não podemos fazer muitas coisas”.
A JuvAlbuhera dedica-se à educação formal e não formal
O dirigente da associação explica ao POSTAL que se ausentou uns anos do concelho e que quando regressou não tinha noção de que a juventude tinha modificado tanto. “Penso que estes fatores se devem à evolução que existiu no concelho durante este anos e do crescimento exponencial que a cidade sofreu em termos culturais”, referindo que “existe uma multiplicidade de culturas que faz com que o nosso trabalho seja mais desafiante”.
A associação dedica-se a várias atividades, apostando fortemente na área do voluntariado. “Queremos ser sempre um grupo de jovens voluntários ao serviço da juventude e da comunidade”, reforça o presidente da JA.
Roberto Leandro confessa que a JuvAlbuhera também está bastante ligada à vertente cultural. “Estamos focados em várias áreas como a música, o teatro, a fotografia, a literatura” e “pretendemos lançar este ano o concurso de fotografia, vários workshops e estamos a planear brevemente a colocação em prática do concurso literário que ir envolver três faixas etárias distintas”, complementa.
O jovem dirigente continua dizendo que “a questão da intervenção social e, em concreto, da falta de habitação, a dificuldade de acesso a imóveis para arrendar e comprar, a questão da empregabilidade, o abandono escolar e a questão das drogas” são temáticas que “nos preocupam bastante”.
Roberto Leandro refere igualmente que a associação “se dedica bastante à educação não-formal, que é tudo aquilo que possa contribuir para indivíduos mais éticos e conscientes”, acrescentando que “fazemos caminhadas com a Pata Ativa, em que estamos em contacto com a natureza e com os animais e tentamos limpar um pouco a cidade”.
O jovem fala ainda com especial desalento acerca da “falta de consciência que alguns jovens têm”, reconhecendo que “é preciso respeitar o ritmo dos jovens e não podemos querer que eles mudem muito depressa. Tem de ser um processo gradual”.
“Nós estamos numa cidade que não tem ainda uma cultura de juventude” e a “JuvAlbuhera pretende contornar esta situação”, acrescentou o presidente.
Maria João Barbedo explicou ao POSTAL que só vive “em Albufeira há dois anos e meio” mas “o facto de ter integrado esta associação permitiu-lhe descobrir muito mais do que pensou sobre Albufeira e sobre os jovens”.
A JuvAlbuhera pretende contribuir para uma melhoria das condições dos jovens e da comunidade albufeirense.
Segundo o mentor do projeto, “estamos a fazer inquéritos a todos os alunos do concelho, com o apoio da câmara para saber a sua opinião e identificar os aspetos que podem ser melhorados ou mudados no concelho”.
O jovem dirigente refere que tem existido “uma grande abertura por parte da autarquia. É importante salientar a confiança e liberdade que foi dada à JA, que é uma associação muito recente e sem provas dadas”, sendo que a câmara “aprovou o inquérito feito por nós e disponibilizou-se para ajudar-nos a ir às escolas e divulgar o documento”.
A JA aposta na dinamização de diversas atividades
Para além desta iniciativa, a JA está a ponderar datas para os próximos workshops de fotografia. No mês passado a associação deu início ao projeto Livre Dade, que vai ter uma periodicidade mensal. Nesta atividade os jovens podem trocar ou comprar livros a preços meramente simbólicos.
A JuvAlbuhera também marcou presença no OPTO – Fórum de Educação e Formação do Algarve, onde foi possível “observar o comportamento dos jovens fora das salas de aula e interagir com eles”.
Maria João refere ainda que “este fim de semana foi muito importante para a associação, porque trouxemos uma banda juvenil a Albufeira, a Guilherme Coussoul, onde teve lugar a entrega de prémios relativos a um concurso feito no Festival T, uma aula aberta e um concerto”.
Roberto Leandro explica que “nós tivemos um workshop de fotografia de espetáculo durante o festival T e a partir daí criámos um concurso onde os participantes poderiam enviar fotos alusivas ao evento e entregámos prémios aos três primeiros lugares”.
A JuvAlbuhera apresentou ainda uma candidatura ao programa “Cuida-te” do IPDJ, que já foi aprovada. “Nós vamos conseguir, pela primeira vez, que a unidade móvel do cuida-te (uma carrinha com médicos, psicólogos e outros clínicos voluntários) venha a Albufeira ajudar os jovens e elucidá-los sobre questões de saúde como o consumo de drogas, doenças sexualmente transmissíveis e hábitos de vida saudáveis”, referiu o dirigente.
“Outra das coisas que vamos fazer quando lançarmos o site é ter um consultório JA, que é uma plataforma gratuita e confidencial que vai permitir aos jovens um esclarecimento providenciado por técnicos especializados”, elemento este que “vem complementar o facebook e o instagram da JuvAlbuhera”, mencionou o presidente.
Apesar de ser uma associação recente, a JuvAlbuhera salienta “o apoio imprescindível que tem tido por parte da autarquia e do IPDJ”.
Como contribuir para a associação?
Para contribuir para a associação juvenil de Albufeira pode oferecer um donativo ou tornar-se sócio. Para quem tiver até 18 anos e quiser tornar-se associado o custo é de 5 euros, valor este que passa para 10 euros no caso de pessoas entre os 18 e os 30 anos. Se tiver mais de 30 anos a quota anual implica um pagamento de 15 euros.
Roberto Leandro assume que “a melhor forma de ajudar a associação é apontar caminhos”, pois “gostava sinceramente que a JuvAlbuhera fosse o propulsor da mudança”.
“Quanto ao futuro, o futuro é JA” e “a minha expetativa é que a comunidade se consciencialize da importância que os jovens têm e da atenção que precisa de ser dada a este grupo”, referiu o mentor da associação.
Por fim, Roberto Leandro concluiu a entrevista ao POSTAL, afirmando que “cabe-me a mim construir a casa mas depois a chave tem de ser dada a alguém no futuro para habitar nela”, salientando que “espero que no fim do mandato possam dar continuidade ao projeto”.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)