O Times of Malta juntou-se esta quinta-feira a vários jornais europeus na recusa de publicar um anúncio pago pelo Governo húngaro, com a visão do primeiro-ministro, Viktor Orbán, para o futuro da União Europeia (UE), anunciou a publicação.
Em comunicado, o Times of Malta considerou que publicar o anúncio tornaria o jornal um “instrumento de promoção de tudo o que vai contra a liberdade de imprensa” e referiu-se a Orbán como um primeiro-ministro que “reprimiu jornalistas, a democracia, o espírito da lei e outros direitos humanos”.
A publicação também se referiu à recente legislação aprovada na Hungria que proíbe a exibição a menores de quaisquer conteúdos que retratem a homossexualidade ou mudança de género em filmes, programas de televisão e educação sexual nas escolas, como “uma flagrante violação dos direitos humanos para um país da União Europeia.
Também o jornal belga De Standaard, que se recusou a publicar o anúncio, dedicou uma página inteira a responder a Orbán, na terça-feira. “Caro Viktor Orbán, as leis nunca devem distinguir o amor do amor. Nenhum governo deve ditar como falar sobre o amor”, escreveu o jornal sobre um fundo com as cores do arco-íris. O editor-chefe do De Standaard escreveu também numa mensagem que seria “muito cínico vender espaço na imprensa a um líder de um Governo que restringiu a liberdade de imprensa no seu país”.
Os jornais belgas La Libre Belgique e De Morgen também recusaram publicar o anúncio. O editor-chefe do jornal sueco Dagens Nyheter, Peter Wolodarski, revelou no Twitter que o seu jornal pediu uma entrevista em alternativa à publicação do anúncio mas não recebeu resposta. O seu homólogo do diário sueco Dagens Industi, Peter Fellman, que publicou o anúncio, disse à emissora do país, SVT, que foi “uma decisão difícil” mas a sua publicação é “um jornal liberal que defende a liberdade [de expressão]”.
Houve outros jornais europeus que decidiram publicar o anúncio, de página inteira e traduzido para as línguas locais, numa semana em que o Governo da Hungria esteve debaixo de fogo devido a uma lei aprovada em junho que vários líderes europeus consideraram um ataque aos direitos LGBT.
No anúncio publicado em França, Espanha, República Checa e outros países, Orbán alega que “em Bruxelas estão a construir um superestado” e que a integração europeia é “um meio e não um fim”. “Dizemos não a um império europeu”, afirma num dos sete pontos do anúncio.
Crítico frequente da UE, e muitas vezes em desacordo com os líderes europeus sobre o historial legislativo do seu governo, Orbán refere-se ao parlamento europeu como um “beco sem saída” e critica organizações não-governamentais por não terem qualquer influência na formulação de políticas.
Pede ainda a adesão da Sérvia ao grupo de 27 países que compõem a UE.