Nas ruas de Madrid, capital espanhola, uma medida curiosa e visualmente marcante tem captado a atenção de condutores e pedestres: os chamados ‘dentes de dragão’. Estes triângulos pintados diretamente no pavimento surgem como uma tentativa de combater o excesso de velocidade, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade, como zonas escolares ou com alta circulação de peões.
Embora esta técnica já seja aplicada noutros contextos, em Madrid a novidade está no design mais visível, com triângulos pintados em branco e amarelo, estrategicamente posicionados junto ao separador central e às zonas de estacionamento. A ideia? Sensibilizar os condutores para a necessidade de reduzir a velocidade, especialmente em locais que exigem maior atenção e prudência.
Como funcionam os ‘dentes de dragão’?
Na prática, esta sinalização horizontal cria uma ilusão ótica: ao ver os triângulos sucessivos no pavimento, os condutores têm a perceção de que a via se torna mais estreita, instintivamente reduzindo a velocidade. Este efeito psicológico é mais eficaz quando combinado com outras medidas físicas, como lombas ou passadeiras elevadas, elementos que complementam o objetivo de acalmar o trânsito.
Em Madrid, a implementação tem sido direcionada para áreas críticas, como escolas, onde a proteção de crianças é uma prioridade. Segundo as autoridades locais, os triângulos também servem como um reforço visual para os peões, alertando-os para locais onde devem atravessar com maior segurança.
Portugal beneficiaria desta medida?
A segurança rodoviária em Portugal continua a ser um desafio, particularmente em áreas urbanas onde o excesso de velocidade é uma das principais causas de acidentes. Segundo dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), em 2023 registaram-se mais de 25 mil acidentes urbanos, muitos dos quais poderiam ter sido evitados com medidas preventivas mais eficazes.
A introdução de ‘dentes de dragão’ em locais estratégicos poderia trazer benefícios significativos. Por serem económicos e relativamente simples de implementar, estas marcas no pavimento poderiam ser uma solução complementar aos métodos já utilizados, como sinalização vertical e lombas.
No entanto, para que medidas como esta tenham sucesso, é crucial que sejam acompanhadas por uma estratégia integrada. Por exemplo, campanhas de sensibilização, reforço da fiscalização e manutenção das infraestruturas são indispensáveis para garantir que os ‘dentes de dragão’ não se tornem apenas mais um elemento decorativo no asfalto.
Exemplos que inspiram
Em cidades como Amesterdão e Oslo, abordagens criativas de acalmia de tráfego têm mostrado resultados positivos na redução de acidentes. Embora os contextos urbanos sejam diferentes, a experiência madrilena pode servir de inspiração para Portugal adotar soluções inovadoras, adaptando-as às necessidades locais.
Um passo à frente na segurança
No final, a questão não é apenas se os ‘dentes de dragão’ devem ser implementados, mas sim como Portugal pode continuar a inovar para tornar as suas estradas mais seguras. Seja com triângulos no pavimento ou outras medidas de acalmia, a prioridade deve ser sempre a segurança de todos os utilizadores da via pública — dos condutores aos peões.
Talvez esteja na altura de os ‘dentes de dragão’ atravessarem a fronteira e encontrarem lugar nas ruas portuguesas. Afinal, quando se trata de salvar vidas, toda a criatividade é bem-vinda.
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