A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) atualizou hoje às 20 horas a lista das escolas em que se registaram casos covid-19. Em quatro dias a lista passou dos 593 para os 649 estabelecimentos de ensino com casos confirmados de covid-19.
No dia que deu início a um novo estado de emergência em Portugal (9 a 23 de novembro), para permitir medidas de contenção da covid-19, a Fenprof divulga no seu site a lista de escolas com casos que foram confirmados, totalizando agora 649 os estabelecimentos de ensino, dos quais 49 são do Algarve, mas admite que “a lista peque por defeito”.
Segundo a lista atualizada às 20 horas de hoje, 13 dos 16 concelhos algarvios têm escolas (públicas e privadas) com casos confirmados de covid-19.
No total de 49 escolas, nove pertencem ao concelho de Faro, seis a Portimão, cinco aos concelhos de Albufeira, Loulé e de Vila Real de Santo António.
Lista está incompleta
“Alguns professores e também pais têm contactado a FENPROF informando que a lista tornada pública está incompleta, enviando o nome de outras escolas onde também se registam casos de Covid-19”, volta a salientar em comunicado. Justifica ser “natural que a lista peque por defeito, pois a FENPROF apenas vai acrescentando escolas/AE que, de forma inequívoca, consegue confirmar“.
“Os poucos casos incorretamente divulgados, entretanto retirados, deveram-se a situações de quarentena com origem exterior à escola ou ocorridas já no final do anterior ano letivo e que, por isso, geraram confusão”, precisa a Fenprof.
A federação de professores portugueses defende que “quando são detetados casos, todos os alunos da turma, professores e contactos próximos deverão ser, de imediato, testados, de forma a identificar eventuais outros casos de infeção, protegendo, dessa forma, toda a comunidade escolar e garantindo que a escola poderá manter-se aberta”.
O comunicado volta a insistir que a Fenprof “solicitou ao Ministério da Educação uma lista atualizada de escolas onde se registaram casos de Covid-19, bem como informação sobre os procedimentos adotados, mas não obteve resposta, apesar de o ministério estar obrigado, por lei, a disponibilizar essa informação”.
Recorde-se que a Fenprof acusou na passada semana o Governo de “tentar disfarçar o crescente aumento de casos de covid-19 nas escolas e insistiu na “necessidade de haver uma estratégia de informação e comunicação clara sobre o que se passa”.
Para a federação de professores portugueses é “irresponsável” e “inaceitável” que o Governo não tenha reforçado “as medidas de prevenção e segurança sanitária” nas escolas perante o atual quadro epidemiológico agravado.
“Para que as escolas continuem abertas sem se transformarem num dos principais fatores de transmissão da covid-19, é necessário que, nas salas de aula, seja garantido o distanciamento adequado a observar em espaços fechados e não, apenas, os centímetros possíveis que resultam das normas impostas pelo Ministério da Educação”, propõe a Fenprof.
Entre outras medidas, defende também que sejam constituídos pequenos grupos, com a divisão das turmas, não sendo permitida a constituição de grupos com alunos de diferentes turmas, quer em determinadas disciplinas, quer em atividades de ocupação de tempos livres e que sejam contratados mais assistentes operacionais, uma vez que são necessários para assegurar os níveis indispensáveis de limpeza, desinfeção e segurança.
A Fenprof considera igualmente que deve ser reforçado os equipamentos de proteção individual, a realização de testes de diagnóstico perante a existência de casos de infeção e a divulgação de um mapa com as escolas onde existem casos ativos de covid-19.
“Se não forem tomadas estas e outras medidas de reforço das normas de segurança sanitária, provavelmente as escolas irão transformar-se num dos principais fatores de propagação da covid-19 na comunidade, apesar das normas restritivas que a esta estão a ser impostas”, sustenta.
Fenprof desiludida com medidas para as escolas e professores
A Fenprof mostrou-se ontem desiludida com as medidas do Governo para as escolas nesta fase de estado de emergência e criticou a falta de diálogo sobre as tarefas a desempenhar pelos professores sem componente letiva.
Em comunicado, a Federação Nacional dos Professores refere que se esperava “muito mais do Governo, tendo em conta que o número de novos infetados no país sobe de forma acelerada” e que se reflete no número de escolas que têm ou já tiveram casos de Covid-19, que, segundo um levantamento feito pela Fenprof são mais de 600.
Entre as medidas anunciadas no sábado pelo primeiro-ministro, para vigorarem nesta primeira fase do estado de emergência, consta a possibilidade de medição da temperatura à entrada das escolas, a realização de testes e, ainda, o envolvimento de professores sem componente letiva no rastreio de casos, estando já sinalizados 128.
“O Governo não negociou ou, sequer, dialogou com os sindicatos sobre que atividade se pretende atribuir aos docentes”, critica a federação, questionando: “Quem são estes professores sem componente letiva, os que, eventualmente, ainda se encontrem em situação de ´horário-zero´, os que não têm componente letiva atribuída por razões de doença, ou os que estão em casa por integrarem grupo de risco, impedidos de desenvolverem teletrabalho”.
Quanto à medição da temperatura à entrada das escolas, outra das medidas anunciadas no sábado, a Fenprof lembra que isso já acontece em alguns estabelecimentos e que “a única novidade é a possibilidade de quem recusar estes procedimentos poder ser impedido de entrar ou permanecer nas escolas.
Sobre a realização de testes, “lamenta que o Governo mantenha uma situação marcada por uma grande diferença de procedimentos perante situações semelhantes”, sustentando que “esta incoerência de procedimentos, a par da falta de clareza que continua a existir em relação ao que se passa nas escolas, contribui para que se estabeleça um clima de insegurança e desconfiança nada desejável”.
Para que as escolas se possam manter abertas, é preconizado “distanciamento físico, desde logo nos espaços fechados, testes generalizados, em particular quando surgem casos de infeção, e reforço do número de assistentes operacionais, muito acima dos que foram anunciados, para garantir a limpeza e desinfeção”.
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