Uma equipa do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve conseguiu, pela primeira vez, reproduzir pepinos do mar em aquacultura, abrindo portas a uma futura comercialização da espécie e a aplicações ambientais, segundo a investigadora principal.
Mercedes Wanguemert disse à Lusa que, além da missão de estudar o impacto das capturas das três espécies de holotúrias (pepinos do mar) mais frequentes em Portugal (Holothuria arguinensis, Holothuria mammata e Holothuria Parastichopus regalis), a sua equipa fez uma inédita indução da reprodução em cativeiro, mas precisa de fazer novos estudos para a espécie ser viável em aquacultura e poder ser comercializada.
“As pescas podem acabar com o recurso e foi por isso que nós pensamos que a melhor opção era tentar conseguir a reprodução e o crescimento desta espécie em cativeiro. Mas agora temos que dar o seguinte passo, que é fazer uma produção com um número suficiente de indivíduos e de biomassa para serem vendidos”, afirmou a investigadora.
Embora não seja muito consumido em Portugal, o pepino do mar seco “pode atingir preços entre os 150 e os 200 euros por quilograma e tem um grande potencial de exportação para países orientais e para os Estados Unidos”, acrescentou.
Equipa espera novos fundos pra continuar a investigação
Mercedes Wanguemert disse que “acaba em Janeiro de 2015” o financiamento atribuído pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia ao projecto, denominado CUMFISH, e agora a equipa do CCMAR da Universidade do Algarve espera pela abertura de candidaturas a novos fundos para poder avançar com a investigação.
Além do financiamento público, a equipa trabalha também para obter o apoio de empresas privadas e “financiar esta optimização do cultivo dos pepinos do mar”, acrescentou.
Actualmente em tanques situados nas instalações do CCMAR, os juvenis de pepinos do mar deverão ainda cumprir um período de crescimento entre cinco e seis meses até serem transferidos para a Ria Formosa para potenciar ainda mais o seu desenvolvimento, referiu.
“Somos os primeiros em toda a Europa a conseguir a reprodução induzida e a gerar estes juvenis, ainda não houve ninguém que tivesse conseguido isso com qualquer uma destas espécies” de pepinos do mar, “muito comuns no Algarve” e “óptimas para aquacultura” por serem “muito resistentes”, disse a investigadora.
Mercedes Wanguemert destacou ainda a vantagem de os pepinos do mar terem “um pico de reprodução no Verão”, mas conseguiu-se “já em maio a sua indução”, tornando “possível fazer a reprodução sem problemas em metade do ano”.
“Acho que, para Portugal, é uma espécie óptima para aquacultura”, afirmou a investigadora, que vê vantagem económicas na produção de pepinos do mar em aquacultura, mas também ambientais, pela capacidade que têm de equilibrar o impacto ambiental das jaulas de produção aquícola instaladas no mar.
“A ideia é não só produzir estes pepinos do mar e conseguir uma taxa de crescimento rápido para poder vender e exportar, mas também utilizá-los debaixo das jaulas para ajudar a sedimentação e reduzir o elevado impacto que estas estruturas têm nos fundos”, afirmou.
(Agência Lusa)