Nuno Rodrigues dos Santos descobriu que a estimulação do TCR, um receptor específico dos linfócitos T, levava à morte dos linfócitos T leucémicos. Esta descoberta abre assim caminho para uma nova terapêutica para as leucemias agudas de linfócitos T, principalmente para as que não respondem às terapias já existentes.
No âmbito de uma colaboração com grupos de investigação franceses, o investigador Nuno Rodrigues dos Santos, foi coautor de um artigo publicado na revista científica americana Cancer Discovery, uma das revistas de maior renome internacional na área da investigação do cancro.
As experiências agora divulgadas foram realizadas no Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve, embora actualmente o investigador integre o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).
Doença afecta maioritariamente crianças e adolescentes
As leucemias agudas de linfócitos T são doenças malignas que afectam maioritariamente crianças e adolescentes, mas também adultos. A maioria dos casos infantis são curados por quimioterapia, mas uma percentagem significativa destes e a maioria dos pacientes adultos não responde ao tratamento, sofre recidiva, e eventualmente sucumbe à doença.
O trabalho do investigador incidiu sobre o receptor TCR que se encontra em todos os linfócitos T e é essencial para estes reconhecerem organismos invasores e desencadear uma resposta imunitária.
Numa situação normal, quando o TCR é estimulado, o linfócito T reage multiplicando-se e iniciando a resposta imunológica. No entanto, verificaram os investigadores, quando se estimula o TCR num linfócito leucémico a resposta é diferente, em vez de multiplicarem os linfócitos T estimulados morrem.
Os investigadores começaram por estudar ratinhos de laboratório com leucemia, tendo assim descoberto que a estimulação do TCR, seja através de um antigénio, seja inoculando um anticorpo monoclonal específico, curava ou prolongava o tempo de vida daqueles.
“Verificámos que a estimulação do TCR, através da administração de um anticorpo específico, levava à morte de células leucémicas humanas em experiências de cultura celular e à regressão da leucemia em ratinhos imunodeficientes transplantados com leucemias humanas”, explica Nuno Rodrigues dos Santos.
O receptor TCR constitui, portanto, um calcanhar de Aquiles na leucemia aguda de linfócitos T que deverá ser explorado terapeuticamente para o tratamento de doentes que não respondem às terapias convencionais.
Nuno Rodrigues dos Santos iniciou o seu laboratório, em 2008, no Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) na Universidade do Algarve. Desde Março é investigador principal no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).
Iniciou a carreira de investigação em cancro no Ipatimup, tendo depois feito o doutoramento em Nimega, nos Países Baixos. Desde o seu trabalho pós-doutoral no Institut Curie em Paris que se tem dedicado ao estudo dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento de leucemia de linfócitos T.