A Câmara Municipal de Faro aprovou, na sua reunião desta segunda feira, a classificação de conjunto de interesse municipal as instalações onde funcionam a rádio e a televisão do Estado, bem como o terreno envolvente.
A aprovação da câmara seguiu-se a uma decisão do Tribunal Administrativo de Loulé que considerou improcedente a reclamação da RTP – Rádio e Televisão de Portugal – contra o processo de classificação organizado pela autarquia e em curso há cerca de um ano.
O processo que ficará concluído com a votação favorável da Assembleia Municipal de Faro, abre caminho para a defesa e valorização daquele património, protegendo-o definitivamente de outro fins, designadamente, ligados à construção e especulação imobiliária.
A administração da RTP estava com intenções de negociar a venda do espaço de 13, 500 metros quadrados, e deslocalizar a sede da rádio e televisão do estado para um edifício da universidade na Penha.
O caso mobilizou um grupo de antigos profissionais da rádio que desenvolveram um conjunto de ações junto de todos os candidatos a deputados pelos diversos partidos nas últimas legislativas, mas foi o dirigente local dos socialistas, Paulo Neves, quem acabou por liderar o processo.
Este dirigente – então vereador e presidente da concelhia do PS/Faro – decidiu avançar com a proposta de classificação pela Câmara, já depois de ter feito uma participação ao Ministério Público, para travar a venda daquele património para negócio imobiliário.
Em comunicado, os vereadores do PS na câmara de Faro, “congratulam-se” com este desfecho e consideram que “todo este edificado apresenta um valor cultural relevante para o concelho de Faro”.
O documento refere que além das características arquitectónicas, o edifício é também “portador de valores simbólicos, uma vez que constitui uma testemunha notável de vivências e factos históricos, que se refletem na memória coletiva dos munícipes farenses e de todos os que, de alguma forma, se relacionam com o Algarve”.
A Emissora Nacional iniciou a sua atividade de radiodifusão no país em 1935. No sul do país, o estado decidiu avançar em finais de 1947 com a instalação em Faro do Emissor Regional do Sul em terrenos cedidos e comprados pelo Município de Faro.
► Comissão parlamentar pede à ministra da Cultura auditoria à RTP sobre alienação de terrenos
► Edifício do Emissor Regional do Sul vai ser imóvel de interesse municipal
► Emissor Regional do Sul: Terrenos da RTP são da Câmara e a sua venda é ilegal