Em 40 anos de carreira, o pediatra Alberto Caldas Afonso, diretor do Centro Materno-Infantil do Norte, nunca viu nada assim: muitas crianças com infeções respiratórias, em alguns casos graves, estão a dar entrada no hospital todos os dias em pleno verão, altura do ano em que, tradicionalmente, as urgências sempre foram mais calmas.
A invulgar afluência registada nas últimas semanas apanhou de surpresa pediatras de todo o país e tem vindo a ser igualmente reportada um pouco por toda a Europa e nos Estados Unidos.
O fenómeno deve-se ao que vários especialistas já classificaram de “debilidade imunitária”, um estado de maior fragilidade das defesas do organismo, indiretamente provocado pela pandemia.
O confinamento, o distanciamento social, o uso de máscaras e a desinfeção frequente das mãos e dos espaços ao longo do último ano e meio reduziram abruptamente o contacto natural das crianças com vírus e bactérias, enfraquecendo assim a construção do seu sistema imunitário.
“Neste momento há uma incidência muito significativa de patologia respiratória nas crianças, que normalmente só víamos no inverno.
O que aconteceu foi que o estímulo para o desenvolvimento do seu sistema imunológico não se deu como era tradicional e, portanto, têm menos defesas.
A falta dessa estimulação faz com que as crianças em idade pré-escolar, e em particular as que nasceram nos últimos dois anos, estejam muito mais recetivas a infeções”, explica Caldas Afonso.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso