A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamenta a morte do escritor, ensaísta e artista plástico E. M. de Melo e Castro (1932-2020), “figura incontornável da poesia experimental portuguesa e um dos seus principais divulgadores”, refere em comunicado.
Natural da Covilhã e radicado há vinte anos no Brasil, E. M. de Melo e Castro foi pioneiro na escrita e nas artes plásticas portuguesas, com uma obra vasta e multidisciplinar em que, como o próprio tantas vezes referia, a transgressão foi o ponto crucial da sua produção.
Com a publicação de Ideogramas, em 1962, “E. M. de Melo e Castro inaugurou a poesia concreta portuguesa e construiu um alicerce iniciador do experimentalismo, evidenciando as características de profundo inovador que sempre foi enquanto criava, independentemente dos meios ou linguagens que utilizava”, continua o comunicado.
Do seu percurso importa também destacar a organização, em conjunto com a sua mulher, Maria Alberta Menéres (1930-2019), da Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa, uma obra ímpar pelo rigor da seleção, pelo detalhe e completude da informação e pelo impacto que teve na poesia portuguesa contemporânea.
O autor é descrito como “dinâmico e interventivo, o seu trabalho artístico foi sempre acompanhado de uma produção teórica consciente e maturada, que complementa a sua atividade poética e visual”.
Para a poesia e para as artes plásticas portuguesas, “E. M. de Melo e Castro será sempre um exemplo de inventividade e de um talento que nunca se conformou com limites e dogmas. No seu trabalho, poderemos sempre ver uma língua em constante revolução, em constante tensão, uma língua sem fronteiras definidas e que permanentemente se reinventa”, termina o comunicado.
RELACIONADO:
Poeta português Ernesto Manuel de Melo e Castro morreu aos 88 anos