A empresa-mãe do Google, a Alphabet, excluiu os telemóveis da Huawei do acesso aos seus serviços. Em causa está o acesso à Google Play Store e a actualizações do sistema operativo Android, serviços fornecidos pelo Google. A decisão surge na sequência da declaração do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, de uma emergência informática e posterior proibição de empresas norte-americanas de fazer negócios com empresas estrangeiras que representem um risco para a segurança nacional. “A guerra fria tecnológica começou”, diz um analista da Bloomberg.
Para além do Google, há outras empresas tecnológicas dos EUA a seguir o exemplo da Alphabet. De acordo com a Bloomberg, fabricantes de processadores, como a Intel, Qualcomm, Xilinx e Broadcom confirmaram que, por enquanto, vão suspender o fornecimento de hardware ao fabricante chinês.
Diversas notícias dizem que a empresa chinesa já antecipava o corte de fornecedores, motivo pela qual acumularam uma reserva de processadores para três meses, dizia a Bloomberg, no final da semana passada. O South China Morning Post, por outro lado, noticiava que a Huawei garantiu a independência em termos de processadores, através da produção da HiSilicon, detida na totalidade pela própria Huawei e sediada na mesma cidade natal do fabricante de telemóveis, Shenzen.
Do mesmo modo, a exclusão da Huawei da Play Store será menos relevante na China do que no estrangeiro já que, os produtos Google, têm pouca ou nenhuma relevância no mercado chinês. Mas para o resto do mundo, as decisões tomadas por empresas norte-americanas podem resultar em prejuízos financeiros mais expressivos nas contas da Huawei.
Irá a Huawei lançar um sistema operativo próprio?
Numa entrevista de Richard Yu – presidente executivo da Huawei – ao Die Welt, o responsável revelava que “a empresa estava efectivamente a investir num sistema próprio para telemóveis – nos computadores, a Huawei usa produtos Microsoft”. “Temos estado a preparar um sistema operativo. Se chegar o momento em que não podemos usar o sistema atual, podemos usá-lo para lidar com essa situação. É o nosso plano B. Mas claro que privilegiamos a cooperação com a Google e a Microsoft”, disse Richard Yu nessa entrevista.
Até hoje, apenas dois sistemas operativos para telemóveis vingaram, o iOS e o Android. Vários órgãos de comunicação social, bem como alguns entendidos do mundo tecnológico, levantam diversas questões: mesmo tendo uma grande base de clientes, conseguirá a Huawei convencer programadores? Quais serão as perdas da Google, caso a gigantesca base de clientes da Huawei desapareça do Android? Qual será o impacto do afastamento da Huawei do mercado na economia norte-americana.
As dúvidas são muitas. A gigante tecnológica, Huawei, garante, no entanto, que as decisões tomadas nos EUA não afectarão os clientes. Certo é que a Google decidiu suspender qualquer negócio com a empresa chinesa que envolva a transferência de hardware e software, com excepção dos produtos protegidos por licenças de código aberto, tal como noticiou, no domingo, a agência Reuters.
Google Play Store, atualizações do sistema Android e a aplicação do Gmail serão afetados pela decisão
Também segundo a agência Reuters, os telemóveis desta empresa poderão perder o acesso a atualizações do sistema operativo Android. E, os futuros telemóveis lançados fora da China, não poderão usar aplicações e serviços da Google, incluindo a aplicação do Gmail e a loja de aplicações Google Play Store, limitando as funcionalidades dos aparelhos. Os clientes Huawei poderão ainda usar o Gmail através do browser ou de outras aplicações de email.
Já o fim do acesso à loja de aplicações representará um desafio mais difícil. Existem algumas lojas de aplicações alternativas à Play Store, no entanto, estas são usadas sobretudo na América do Sul e em alguns países da Ásia, não tendo expressão no mercado europeu.
Apesar de a Huawei ainda ter acesso à versão do sistema operativo Android protegida pela licença do código aberto, a Google deixará de dar qualquer apoio técnico à gigante tecnológica chinesa, diz a agência.
EUA acusa Huawei de sofrer influência do Governo chinês
Segundo avançado pelo Público, “na “lista negra” dos EUA está a Huawei e mais 70 subsidiárias do fabricante chinês que Washington tem tentado banir, acusando a empresa de estar sob influência do Governo chinês e potencialmente ao serviço da espionagem de Pequim”.
(Andrea Camilo / Cristina Mendonça)