O filósofo e pensador José Gil, quatro anos depois de ter dado a “última aula” na sua universidade, vai estar no Salão Nobre da Câmara de Loulé no próximo dia 29 (quinta-feira), pelas 21 horas, para prosseguir a lição preferida – Portugal e os Portugueses no centro da reflexão.
E também dez anos depois da publicação do seu livro mais emblemático, com a afirmação em título, “Portugal, hoje – O medo de existir”, José Gil vem a Loulé lançando uma interrogação contrária: “O medo de não existir?”. A polémica e o amplo debate crítico que José Gil instalou no país, em 2004, cujo rescaldo levou o autorizado Le Nouvel Observateur a integrar o filósofo português no grupo dos “25 grandes pensadores do mundo”, por certo, vai ser actualizado com a próxima aula que o filósofo vem dar a Loulé, a coincidir com o Dia do Município.
José Gil será interveniente no ciclo de conferências “Antes e Depois para Amanhã” que, até final de Dezembro, integra a série “Horizontes do Futuro”.
Percurso de José Gil
Nascido em Maputo (antiga Lourenço Marques), em 1939, José Gil concluiu a licenciatura em Filosofia na Universidade da Sorbonne em 1968, no ano seguinte fez o mestrado com uma tese sobre a moral de Kant, e, em 1982, concluiu o doutoramento com a tese “Corpo, Espaço e Poder” (editada em 1988). Antes, em 1981, fixara-se definitivamente em Portugal, leccionando na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, ao mesmo tempo que repartia docência por Paris (Colégio Internacional de Filosofia), Amesterdão e São Paulo.
Antes de, em 2004, surgir como autor de “Portugal, Hoje – O Medo de Existir”, a sua primeira obra escrita directamente em português, que rapidamente se tornou numa referência do pensamento, José Gil já tinha publicado diversas obras, sobre temas tão diversos como Salazar (em “Salazar: a Retórica da Invisibilidade”), Fernando Pessoa, a Córsega, o corpo ou “O Principezinho”, de Saint-Exupéry.
Afirmou José Gil, sobre Portugal: “Sabemos que vamos morrer, mas não acreditamos. A Europa é a mesma coisa”. Quanto à enigmática pergunta – “O medo de não existir?” – ouvir-se-á a resposta do filósofo na sua próxima lição em Loulé.
Refira-se que esta conferência é promovida conjuntamente pela Câmara de Loulé e pela Comissão Concelhia das Comemorações dos 40 anos do 25 de Abril, inserindo-se no vasto programa comemorativo que decorre ao longo do presente ano.