Depois do forçoso adiamento da 2ª edição do FICLO (Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão), previsto para o mês de março deste ano, a organização do festival conseguiu, com grande sucesso, realizá-lo durante o mês de julho, tendo este sido o primeiro festival pós-confinamento a nível internacional.
“Não tendo, à altura, qualquer referência de outro festival a acontecer no actual cenário de restrições impostas pela luta contra a pandemia”, a organização entendeu que era “imperativo organizar o evento, assumindo os compromissos para com os trabalhadoras e trabalhadores e o público algarvio. Uma edição que resultou em sucesso, de organização e afluência, erguida no cumprimento escrupuloso das medidas de contenção aplicadas ao sector”.
“É por isso com grande desilusão que recebemos a decisão do ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual), libertada na passada semana, de não admitir o FICLO no concurso para o Apoio à Exibição em Festivais e Circuitos Alternativos”. Uma decisão que assenta numa leitura de números que não nos parece correcta face às condicionantes excepcionais que afectaram o evento”, explica a organização do festival.
“De acordo com o parecer que nos fizeram chegar não serão contabilizados, para efeitos de admisão, os número de espectadores das actividades que ainda realizamos no mês Março: serviço educativo e o seminário internacional de Albert Serra. Actividades estas que, não fosse o forçoso adiamento imposto pelo estado de emergência, teriam acontecido a par do festival”, afirma.
A decisão de manutenção dessas actividades nas datas agendadas “teve por base o respeito para com os compromissos assumidos nas escolas e do seu calendário. Não podemos assim concordar que, num cenário de excepção, o ICA seja “cego” a decisões que foram tomadas por situações externas que o festival não controla”.
Da mesma forma “não podemos deixar de fazer notar que o FICLO é o único festival a quem se exige que concorra com dados do ano corrente, um ano que sabemos marcado por inevitáveis quebras na afluência das salas, um ano em que as lotações estão condicionadas por constrangimentos de saúde pública que implicam a redução do número de espectadores por sessão, em todas as sessões. Enquanto os outros festivais se estão a candidatar com os números de 2019, com um quadro de acessibilidade completamente diferente”.
Por isso, entendemos que “ao FICLO não é dada a possibilidade de concorrer em condições de igualdade com outros festivais que podem apresentar números de 2019. Entendemos que isto é contrário ao princípio de igualdade e proporcionalidade, ambos princípios Jurídicos fundamentais dos Procedimentos Concursais”, remata a organização do Ficlo.
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