A Águas do Algarve lançou no início de Fevereiro um concurso internacional para a construção da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) Faro/Olhão, sendo previsível que a obra seja adjudicada durante o segundo semestre deste ano.
São 14,5 milhões de euros de investimento previsto numa das maiores instalações do género na região a par das ETARs de Vale Faro, Vilamoura, Lagos e da Companheira em Portimão, esta adjudicada por cerca de 10,4 milhões de euros a um consórcio luso-espanhol.
Enquanto a ETAR da Companheira foi adjudicada esta semana ao consórcio liderado pela empresa espanhola Acciona Agua – a mesma empresa que ganhou o projecto da ETAR de Vila do Bispo – onde também participa a empresa portuguesa Oliveiras, só agora a ETAR de Faro/ Olhão arranca para concurso.
As ETARs da Companheira e de Faro/Olhão servirão as populações limítrofes das cidades de Portimão e Faro, as mais populosas da região, e a cidade de Olhão.
As infra-estruturas receberão ainda os esgotos oriundos das populações de Alvor, Mexilhoeira Grande, Ferragudo, Parchal, Estômbar, Calvário, Mexilhoeira da Carregação, Brejão, Caldas de Monchique, no caso da ETAR da Companheira, e das localidades de Conceição, Estoi, São Brás de Alportel, Pechão e Quelfes, no caso da ETAR Faro/Olhão.
As duas estruturas estão pensadas, cada uma, para recolher os esgotos de uma população estimada em 140 mil habitantes.
A localização das novas ETARs
A ETAR Faro/Olhão nascerá a cerca de três quilómetros a poente da capital da região, na zona da actual ETAR de Faro Nascente que será desactivada quando a nova infra-estrutura entrar em funcionamento, acontecendo o mesmo à ETAR de Olhão Poente.
O equipamento será, dados os avanços tecnológicos, bem mais pequeno em área do que a actual ETAR de Faro Nascente e a sua instalação vai levar à remoção de equipamentos e lamas existentes actualmente no local, com estas últimas a serem tratadas e depositadas em aterro adequado para o efeito.
Com o encerramento da ETAR de Olhão Poente, os esgotos que ali afluíam passarão a ser transferidos por um colector para a nova estrutura de tratamento de águas residuais junto à cidade de Faro.
Quanto à ETAR da Companheira, esclareceu ao Postal Teresa Fernandes, responsável pela comunicação da Águas do Algarve, ficará situada junto à ponte sobre o Rio Arade da Estrada Nacional 125, numa área de cerca de quatro hectares, situada a norte da actual ETAR da Companheira, que será desactivada com a entrada em operação da nova estrutura, prevista para 2017.
O que se ganha com as duas novas infra-estruturas
As ETARs de Olhão Poente, Faro Nascente e Companheira, são infra-estruturas cuja dimensão está em muito aquém das necessidades actuais dos aglomerados populacionais que servem.
“São equipamentos que com o crescimento dos caudais de esgotos que tratam actualmente face àqueles para que foram dimensionados, estão numa situação em que já não conseguem de forma satisfatória responder à quantidade de afluentes nem aos cada vez mais exigentes padrões de qualidade impostos por lei”, refere Teresa Fernandes.
“Face às expectáveis situações de ruptura futuras, a Águas do Algarve adopta com o lançamento destas empreitadas uma postura de antecipação, mantendo aquele que é o padrão da empresa no tratamento destas matérias, a de garantir aos algarvios e ao Algarve uma resposta adequada às necessidades e de garantir um cumprimento escrupuloso de todos os parâmetros legais de qualidade dos efluentes lançados no meio ambiente”, sublinha a responsável da Águas do Algarve.
“Não só nestas duas ETARs como em todas as que constituem o sistema multimunicipal de saneamento, a Águas do Algarve está sempre posicionada numa lógica de salvaguarda ambiental que é pedra de toque do contrato de concessão que a empresa tem com o Estado”, refere Teresa Fernandes, destacando que “nestes dois casos os meios receptores dos efluentes das ETARs são especialmente sensíveis e que, exactamente por isso, foram alvo de especiais cuidados na definição das características técnicas associadas a ambos os projectos”.
Recorde-se que a ETAR da Companheira (actual e futura) efectua descargas no Rio Arade, enquanto a de Faro/Olhão (bem como as actuais de Olhão Poente e Faro Nascente) tem como destino final as águas tratadas da Ria Formosa.
“Além disso [reforça Teresa Fernandes], as futuras estruturas de tratamento de águas residuais estão equipadas com métodos de tratamento de ponta que garantem não só a elevada qualidade das águas tratadas, mas também a minimização de odores através de meios técnicos que respondem adequadamente à qualidade ambiental da zona envolvente às infra-estruturas”.
Uma boa notícia para todos e em particular para os mariscadores da Ria Formosa, que contam assim com uma menor influência dos efluentes urbanos na qualidade geral da água, em particular na Ria Formosa.
Não obstante, caberá também às autarquias um sério esforço em pôr um ponto final nas descargas de saneamento que escapam aos sistemas colectores municipais e que são da sua exclusiva competência, sendo que estes sim não são de todo sujeitos a tratamento.
Aceite-se ou não com facilidade, são sobejamente conhecidos os casos de esgotos que chegam ao ambiente sem qualquer tratamento, seja através de descargas directas, seja através da ligação ilegal a sistemas de águas pluviais que só deveriam escoar água da chuva.
Certo que com um investimento, só nas duas ETARs de Faro/Olhão e Companheira, de mais de 25 milhões de euros, a Águas do Algarve regressa às grandes obras, dando continuidade a um trabalho que desenvolve em prol do Algarve há mais de uma década (VER).