O Museu Municipal de Faro candidatou o Mosaico do Deus Oceano à mais importante categoria de classificação de património em Portugal, tesouro nacional.
A peça, considerada o ex-libris do espólio do museu municipal, se vier a ser classificada como tesouro nacional será a primeira na região a obter esta classificação e a candidatura conta já com o parecer favorável Direcção-Geral do Património Cultural.
Em sequência deste paracer o subdiretor-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos, fez publicar em Diário da República um anúncio que determina “a abertura do procedimento de classificação como de interesse nacional do mosaico romano Deus Oceano, cuja proteção e valorização representam valor cultural de significado para a Nação”.
Assim “estando em vias de classificação, o mosaico Deus Oceano não pode ser objeto de perda ou extravio”, refere o mesmo despacho.
Descoberto em 1926 entre as Ruas Infante D. Henrique e Ventura Coelho, no centro da cidade perto da estação da CP, o mosaico do Deus Oceano foi reenterrado e só em 1976 redescoberto para ser transferido para o museu.
Datado de finais do século II ou inícios do III d. C., o painel de grandes dimensões esteve exposto durante anos numa sala que “não correspondia em termos de condições à dignidade da peça”, referiu ao POSTAL Marco Lopes, director do museu municipal.
Actualmente, depois de uma intervenção totalmente suportada por mecenas, criou-se um enquadramento e um discurso expositivo que constituem uma mais-valia para o visitante e para a compreensão do conjunto de peças ali exposto.
“Conseguimos um apoio integral de mecenas, numa aposta pessoal minha que teve como resultado um projecto da equipa do museu cujo empenho mereceu uma apreciação positiva dos mecenas privados”, acrescenta o responsável.
O percurso criado em torno do mosaico permite actualmente ao visitante contornar a peça com uma perspectiva de visão descendente, ao mesmo tempo que pode ler informação de enquadramento em painéis ao longo do percurso.
Classificação será a primeira deste nível na região
“Será o primeiro caso de uma classificação como tesouro nacional atribuída na região do Algarve”, destaca o responsável do museu farense, que esclarece que de momento se “aguarda o parecer do conselho consultivo para que o ministro da Cultura possa finalmente despachar” no sentido da classificação do mosaico com a mais alta categoria da classificação nacional de património.
Para o vice-presidente da autarquia farense, Paulo Santos, “trata-se de um processo que visa o reconhecimento nacional do valor patrimonial desta peça”.
“Os farenses e os algarvios têm a noção, como a autarquia, do valor desta peça para Faro e para a região, o que será – com a classificação – reconhecido de forma reforçada e no quadro do património nacional”, refere o também vereador da cultura, que destaca “o trabalho feito pelo museu na intervenção realizada na área expositiva onde a peça se encontra no museu municipal dando-lhe a merecida dignidade”.
Já a directora regional de Cultura, Alexandra Gonçalves, “considera que a candidatura tem todas as condições para poder ser bem sucedida”, acrescentando que se trata “de uma peça que quer pelas características, quer pelas dimensões, representa um importante legado patrimonial na região e no país”.
“A ser classificada será uma mais-valia para o património cultural da região”, acrescentou a responsável regional ao POSTAL.
Faro ganhará assim, mantenha-se o bom percurso desta empreitada, o primeiro exemplo de tesouro nacional do Algarve, o que potenciará sem dúvida a importância do museu municipal e do património do concelho em termos regionais e nacionais.
(Notícia alterada acrescentando as declarações da directora regional de Cultura, Alexandra Gonçalves)