Marine Le Pen, a líder do partido de extrema-direita francês, falhou o objectivo de criar um grupo parlamentar de extrema-direita no Parlamento Europeu.
Trata-se de um rude golpe para a Frente Nacional, que venceu as últimas eleições europeias em França, e para os partidos de extrema-direita que lograram eleger deputados para o hemiciclo de Bruxelas, naquela que foi a eleição europeia onde obtiveram até hoje melhores resultados e mais deputados eleitos.
A presidente da Frente Nacional (FN) francesa, não conseguiu juntar um número suficiente de partidos eurocépticos para formar um grupo no Parlamento Europeu, garantiu na noite de segunda-feira o seu aliado holandês Geert Wilders.
“Não conseguimos infelizmente formar um grupo no Parlamento Europeu com seis outros partidos”, declarou Geert Wilders, do Partido para a Liberdade (PPV, no original) holandês, citado pela agência noticiosa holandesa ANP.
Os partidos tinham como prazo limite o dia de segunda-feira para se registarem como grupo parlamentar.
Marine falha, Farage vence
Ao contrário da Frente Nacional e do Partido para a Liberdade, o Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP, no original) de Nigel Farage conseguiu formar um grupo parlamentar na passada quarta-feira.
Assim, o Parlamento Europeu vai ser constituído pela primeira vez com um grupo eurocéptico, o Europa, Liberdade e Democracia (EFD, no original), onde vão militar o conhecido político inglês, o comediante e líder do Movimento Cinco Estrelas italiano, Beppe Grillo, e a dissidente do parido de Marie Le Pen, Joëlle Bergeron.
A estes juntam-se os eleitos pelas forças políticas do KNP e do VRMO, respectivamente polacos e búlgaros, neste último caso de cariz ultra-nacionalista.
Le Pen e Wilders com maiores dificuldades em destruir a “Europa a partir de dentro”
Geert Wilders e Marine Le Pen tinham, de acordo com a Agência Lusa, feito um acordo antes das eleições, com o objectivo de “destruir a partir do interior” a União Europeia.
A constituição de um grupo parlamentar requer um mínimo de 25 deputados, do total de 751, provenientes de sete países, o que permite maior visibilidade e mais receitas.
Está assim dificultada a tarefa dos líderes extremistas.
Conciliação difícil em partidos extremistas
Ora, se o número de deputados não era problema, os partidos eurocépticos têm dificuldade em conciliar pontos de vista por vezes antagónicos. Faltaram dois países à presidente da FN, cujo partido venceu as eleições europeias em França.
Marine Le Pen esperava convencer outros partidos a juntarem-se à FN, ao PVV de Geert Wilders, ao Partido da Liberdade austríaco (FPO), à Liga do Norte italiana e ao Vlaams Belang flamengo, da Bélgica.
Geert Wilders, conhecido pelas suas posições anti-Islão, indicou que a colaboração entre os cinco partidos “será mantida (…) com o objectivo de poder formar um grupo antes do final do ano com novos parceiros”.
Uma associação com o partido polaco Congresso da Nova Direita (KNP), cujas posições homofóbicas desagradaram a Geert Wilders, tinha sido equacionada, mas veio a ser abandonada.
“O PVV deseja fazer um grupo, mas não a qualquer preço”, disse Wilders, acrescentando que o seu partido “teria de construir uma ponte demasiado importante” para colaborar com o KNP, que também quer retirar o direito de voto às mulheres.
A sessão constitutiva do novo Parlamento Europeu realiza-se entre 1 e 3 de Julho em Estrasburgo. Recorde-se que desta feita e nos termos do Tratado de Lisboa, o Parlamento Europeu tem uma palavra decisiva na eleição do próximo presidente da Comissão Europeia, o órgão executivo da União.
Na linha da frente para o cargo actualmente ocupado por Durão Barroso estão o alemão Martin Schulz e o luxemburguês Jean-claude Junker, apoiado pela Alemanha, numa escolha a que se candidatam também Guy Verhofstadt, belga, Alexis Tsipras, grego, José Bové, francês e Ska Keller, a única mulher, natural da Alemanha.
(com agência Lusa)