A artista Jina Nebe levou à Casa das Artes de Tavira algumas das suas obras, numa exposição intitulada “Sentimento Ilhado”. A exposição encontra-se ao público até ao próximo dia 14, sexta-feira.
“Apesar da arte se sentir e não se explicar, convém realçar a origem do termo “ilhar”. O verbo significa separar, desunir o que estava ligado”, refere a artista.
A exposição, feita de obras cheias de cor e formas, significa para a autora “abolir fronteiras no que está aparentemente desunido” e “sentir para além duma descontinuidade formal”. Jina Nebe revela que “se em ilhas busquei elementos, é porque eles se impuseram, antes do mais, por uma ininterrupção natural”.
Em tempos de pandemia, novos sentimentos e novas formas de viver vieram ao cimo de um mundo que, tal como o termo “ilhado”, está mais separado e isolado. Contudo, a artista deixa claro que “o meu sentimento ‘ilhado’ é o de agregar, o de exaltar a qualidade do que é único e unido. Sem categorias, nem significados, o mundo real, todas as suas visões, imagens ou representações são essenciais para nelas revermos a constância da nossa humanidade”.
“Talvez esta exposição pudesse intitular-se ‘continuidades'”, assume Jina Nebe. E por continuidades, podemos também associar a vida da própria artista, que já viveu e percorreu vários locais do globo. Deixou a Checoslováquia em 1984 com o seu diploma de arquitetura para se instalar em França, trabalhando na construção de navios transatlânticos no porto de Saint-Nazaire ou em projetos arquitectónicos em Paris, tendo posteriormente dirigido programas técnicos para a Europa Central em Bruxelas.
Nos últimos vinte anos, os seus principais campos de expressão são a pintura e a música. Fez várias exposições individuais em Bruxelas, Praga, Lisboa, Setúbal, Covilhã, Tavira, Gibraléon e Maurícia e está representada em coleções particulares em diversos países.
Jina Nebe está instalada no Algarve de forma intermitente há vários anos e desenvolve também um trabalho especial sobre a região. É sócia do atelier de gravura OBS (Oficina Bartolomeu dos Santos – Tavira); no início de 2020, foi selecionada com o seu projeto “Reais Presenças” enquanto artista/designer residente no Loulé Design Lab para produzir, em colaboração com artesãos e fabricantes portugueses, objetos do quotidiano com uma forte impressão digital local e um elevado nível de qualidade de fabrico e de estética.
A exposição começou no dia 1 de agosto e vai prolongar-se até ao dia 14, na Casa das Artes de Tavira.