Investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) do Algarve concluíram que o uso de cordas suspensas em tanques de reprodutores de douradas reduziu os níveis de stresse e melhorou a saúde dos peixes, foi esta segunda-feira divulgado.
Em comunicado, o CCMAR indicou que as estruturas “simples e fáceis de aplicar pela indústria, podem ter um impacto positivo em toda a produção”, passando os peixes a adotar comportamentos similares aos do ambiente natural.
O estudo publicado na revista “Applied Animal Behaviour Science” foi elaborado conjuntamente por investigadores do Fish Etho Group, da Estação Piloto de Piscicultura de Olhão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), do S2AQUA Laboratório Colaborativo e do Instituto Mediterrânico de Estudos Avançados (IMEDEA), de Espanha.
De acordo com o biólogo João Saraiva, responsável pelo grupo de Etologia e Bem Estar de Peixes do CCMAR e coordenador do estudo, “as estruturas são especialmente importantes no cultivo da dourada, por este ser um animal que, no seu habitat natural, usa e interage com elementos no fundo do mar”.
Por isso, adianta, “é importante fornecer-lhes algo semelhante ao que têm no meio natural”.
Segundo o também presidente do Fish Etho Group, um peixe reprodutor “passa vários anos em tanques relativamente pequenos e num ambiente extremamente pobre para produzir milhares de alevins e essa quantidade tem de ser certa e de boa qualidade”.
“O enriquecimento ambiental que utilizámos neste estudo revelou-se positivo no comportamento dos reprodutores, nos níveis de stresse e na sua saúde”, realça.
A manutenção dos peixes durante anos num ambiente quase estéril “não lhes é natural, podendo debilitá-los”, demonstrando os resultados que se pode “impedir que isso aconteça com medidas extremamente simples”, refere.
João Saraiva acrescenta ainda que, “ao contrário de outras espécies usadas para consumo humano, os peixes cultivados não são domesticados”.
“Um peixe cultivado hoje continua a ser muito semelhante ao que vive no mar. É assim essencial que se crie um ambiente mais naturalizado para os peixes, de modo a melhorar o seu bem-estar e, consequentemente, a sua saúde”, aponta o estudo.
Segundo o CCMAR, os investigadores “tiveram a preocupação” com a facilidade de colocação e remoção das estruturas, a fim de não atrapalhar a limpeza e as rotinas de produção, “para que possam ser usadas de forma permanente pelos produtores”.
“Procuraram uma solução que aliasse as necessidades dos animais, as particularidades da própria produção e a facilidade de manuseamento sem prejudicar a qualidade da água”, lê-se na nota.
Na sequência do estudo, o CCMAR refere que “o próximo passo é o desenvolvimento de um produto em parceria com uma empresa de produção de estruturas sustentáveis para aquacultura que possa ser usado pelos produtores”.
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