Comecemos por esclarecer a terminologia estudo amostral de aferição das aprendizagens. Trata-se de um estudo aplicado a uma amostra representativa do universo dos alunos que frequentam os 2º, 5º e 8º anos, do ensino básico geral e dos cursos especializados. Ah! É de realização obrigatória… Sabe o que acontece a quem não realiza? Nada. O que lhe parece sobre a força das palavras “realização obrigatória”?
Quais os objetivos deste estudo? De acordo com as palavras do Ministro da Educação – Tiago Brandão Rodrigues – melhorar o conhecimento do sistema, para que verdadeiramente possamos ter um conjunto de medidas que possam dar uma resposta cabal aquilo que são as perdas das aprendizagens.
É de salutar (foram dois anos com restrições no processo educativo, como nunca antes se viu) e o momento para o fazer parece-nos oportuno (próximo do final do ano letivo). Todavia, será suficiente para melhorar o conhecimento do sistema, por exemplo no 2º ciclo, realizar esse estudo amostralsomente no 5º ano e apenas nas disciplinas de Português e Inglês?
Não lhe parece estranho que a disciplina unanimemente reconhecida como aquela na qual os alunos mais dificuldades revelam – Matemática – não seja estudada em ambos os anos que compõem o 2º ciclo? No caso do 6º ano, falamos de alunos que foram afetados pelos condicionalismos da pandemia durante dois anos consecutivos, precisamente os dois anos que constituem a sua passagem pelo 2º ciclo. Estamos convencidos que o processo de ensino aprendizagem no 7º ano sairia beneficiado…
Continuemos com algumas questões que nos parecem ser pertinentes … Não seria interessante os encarregados de educação e os alunos receberem informações detalhadas sobre o desempenho destes últimos? Sabia que as provas são anónimas, isto é, não há identificação de quem as realiza? Só esta particularidade é suficiente para dar título a uma nova reflexão, mas fiquemos com esta conclusão: nada se vai ficar a saber sobre o desempenho de cada aluno, em particular. Porquêimpossibilitar os encarregados de educação de receber informações detalhadas sobre o desempenho dos seus educandos? Questão pertinente …
Se o leitor é encarregado de educação, o que pensa sobre os recursos, o gasto financeiro e o tempo que se movimenta em volta deste processo, para nada ficar a saber sobre o seu educando em particular? Não queremos que responda já à primeira questão colocada no início, mas começa-se a vislumbrar uma potencial resposta.
Olhemos novamente, mais em pormenor, para o principal objetivo: melhorar o conhecimento do sistema, para que verdadeiramente possamos ter um conjunto de medidas que possam dar uma resposta cabal aquilo que são as perdas das aprendizagens. É de valorizar esse cuidado, o qual pressupõe que o Ministério da Educação vai realizar o estudo, analisá-lo e prescrever estratégias de remediação/solução para os problemas/dificuldades encontrado(a)s. Estamos convencidos que o leitor utiliza este modus operandina sua vida: identifica, planifica e aplica. Mas, sabia que, no passado dia 1 de junho de 2021, o governo aprovou um plano de recuperação de aprendizagens para os próximos dois anos letivos, designado Plano 21 /23 Escola +? Então, se já está delineado o plano de ação para os próximos dois anos, qual o verdadeiro propósito deste estudo amostral?
Perante aquilo que leu, qual lhe parece ser a resposta à primeira questão?