Foi um respirar de alívio para o sector do turismo ouvir o anúncio de António Costa sobre novas restrições face ao novo aumento de casos de covid-19 – e que acabaram por ser ‘light’ face aos receios de um cenário mais negro, envolvendo o fecho da economia e limites de horários, de capacidade ou mesmo de deslocações entre concelhos.
As restrições anunciadas para hotéis e restaurantes envolvem, a partir de 1 de dezembro, uso obrigatório de máscara, além da apresentação à entrada de certificado de vacinação, de recuperação ou de um teste negativo. Certificados passam a ser obrigatórios para entrar em hotéis, restaurantes, ginásios ou eventos com lugares marcados, segundo anunciou Costa.
“Do mal o menos: o certificado digital para nós não é um problema – é claro que atrapalha um pouco a operação mas permite às empresas trabalhar. E o que queremos é que nos deixem trabalhar”, frisa Ana Jacinto, secretária-geral da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
Para os restaurantes seria crítico nesta fase que as restrições implicassem limites de horários de funcionamento, de pessoas por mesa ou outras regras pesadas com impacto direto no funcionamento ou mesmo nas deslocações das pessoas.
“A nossa expectativa era de que houvesse bom senso, medidas equilibradas e exequíveis e que não impactassem no funcionamento dos operadores económicos ou na vida das pessoas”, refere a responsável da AHRESP.
“Já estamos longe do cenário de há um ano. Temos 87% das pessoas vacinadas com as doses completas, 850 mil já tomaram a terceira dose de reforço e há 1,6 milhões de vacinados contra a gripe”, lembra Ana Jacinto.
Tornar obrigatório o certificado de vacina para entrada nos restaurantes “não é dramático, já houve tempos em que tivemos de lidar com essa situação”, refere a secretária-geral da AHRESP.
“O mês de dezembro é muito importante para pastelarias e restaurantes, é importante que estivessem a trabalhar nesta época”, conclui Ana Jacinto.
PROBLEMA NOS HOTÉIS: ESTRANGEIROS A CANCELAR RESERVAS NO ALGARVE E EM LISBOA
Também para a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), “a maior preocupação era haver restrições às viagens e à atividade económica, isso é que defendíamos que não podia acontecer”, salienta a vice-presidente executiva, Cristina Siza Vieira.
“Agora que atingimos um grau elevado de vacinação, não fazia sentido haver restrição de atividade, de horários ou de capacidade”, refere ainda.
A apresentação de certificados covid em hotéis, eventos ou outros espaços fechados “já é o nosso território conhecido, cria um pouco mais de ruído para a operação mas já foi assim e volta a ser assim”, faz notar Cristina Siza Vieira. “Ter de fazer um autoteste é banal, já não aflige ninguém.”
Uma das ‘pontas soltas’ para a AHP a nível dos certificados digitais europeus é o caso dos britânicos, que estão fora da UE. Mas, segundo anunciou António Costa, todos os turistas, independentemente da nacionalidade, ficam obrigados a apresentar teste negativo antes de entrar em Portugal.
Mas o aumento de casos de covid em Portugal já está a gerar um movimento de cancelamentos, sobretudo em hotéis do Algarve e de Lisboa, por parte de estrangeiros.
“Havia muito boas expectativas para o Natal e a passagem de ano mas está a verificar-se que as próprias pessoas se estão a coibir e estamos a verificar cancelamentos de reservas, sobretudo no Algarve e em Lisboa”, constata a responsável da associação hoteleira.
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL