Há um caso único no mundo, uma verdadeira ‘aberração’ geográfica, como muitos a consideram, que se repete duas vezes por ano. Falamos da Ilha dos Faisões, que esta quarta-feira, como de costume no final de julho, passará das mãos espanholas para francesas. Este território de aproximadamente 3 mil metros quadrados, localizado no rio Bidassoa, é partilhado entre França e Espanha há 350 anos.
A peculiar soberania partilhada da Ilha dos Faisões teve origem no Tratado dos Pirenéus, assinado em 1659. Este tratado foi um esforço para negociar a paz entre os dois países, após anos de conflitos. O acordo foi selado com o casamento do Rei Luís XIV de França com Maria Teresa de Áustria, filha de Felipe IV de Espanha. No âmbito do tratado, ficou estabelecido que a ilha mudaria de soberania a cada seis meses, um regime de condomínio que se mantém até hoje, como explica o Executive Digest.
Conforme o estipulado, a ilha é parte de Espanha entre 1 de fevereiro e 31 de julho, passando para a jurisdição francesa nos meses subsequentes. A governança da ilha é alternada entre o comandante naval de San Sebastian, em Espanha, e o seu homólogo de Bayonne, em França. Esta troca semestral, embora intrigante, não tem grandes impactos práticos, uma vez que a ilha não é habitada e é raramente visitada, principalmente pela população mais velha da região.
Apesar de ser um território desabitado, a Ilha dos Faisões simboliza a paz e a cooperação entre França e Espanha. É uma curiosidade geográfica que atrai a atenção de historiadores e geógrafos, representando um raro exemplo de gestão conjunta de território entre duas nações. A troca de soberania é um ritual pacífico que demonstra como antigas rivalidades podem dar lugar à colaboração e à partilha.
Embora a ilha não tenha residentes permanentes, ela continua a ser um ponto de interesse para os curiosos e para aqueles que apreciam as particularidades da história europeia. A Ilha dos Faisões, com a sua soberania alternada, permanece como um lembrete vivo dos acordos históricos e das relações diplomáticas que moldaram a Europa.
Em suma, a mudança de soberania da Ilha dos Faisões, ainda que uma curiosidade histórica e geográfica, reforça a importância da cooperação internacional e a possibilidade de convivência pacífica entre nações vizinhas.
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