Os médicos retiraram o ventilador a Salman Rushdie e o escritor britânico conseguiu falar, revelou Michael Hill, presidente de Chautauqua Institution, o centro cultural no estado de Nova Iorque onde Rushdie foi esfaqueado na sexta-feira.
“Salman Rushdie sem ventilador e falando! Continuamos com as orações em nome de todos os membros de Chautauqua Institution”, escreveu Michael Hill na rede social Twitter.
Segundo a agência noticiosa espanhola Europa Press, a notícia terá sido divulgada pelo agente do escritor, Andrew Wylie, à imprensa norte-americana.
O suspeito do ataque, Hadi Matar, declarou-se no sábado inocente em tribunal depois de ter sido acusado de tentativa de homicídio e agressão, com o procurador a considerar que se tratou de um crime premeditado.
O suspeito apareceu no tribunal vestido com um macacão preto e branco e uma máscara facial branca e algemado.
As autoridades de Nova Iorque acusaram Hadi Matar de tentativa de homicídio e agressão e o juiz ordenou a sua detenção sem caução.
O procurador Jason Schmidt acusou Matar de ter premeditado e planeado o ataque, nomeadamente obtendo um bilhete de entrada antecipado para o evento em que Salman Rushdie iria discursar e chegando um dia mais cedo com uma identificação falsa.
“Este foi um ataque dirigido, não provocado, pré-planeado ao Sr. Rushdie”, disse Schmidt.
O defensor público Nathaniel Barone queixou-se de que as autoridades tinham demorado demasiado tempo a levar Matar perante um juiz, deixando-o “algemado a um banco na esquadra da polícia estatal”.
“Ele tem o direito constitucional de presunção de inocência”, disse Barone, depois de ter apresentado a alegação de inocência das acusações.
Matar, de 24 anos, vive no estado vizinho de Nova Jérsia e ainda é desconhecido o motivo que o levou a agredir o escritor britânico.
Salman Rushdie, de 75 anos, terá sofrido lesões no fígado, nos nervos de um dos braços e num olho.
O escritor incendiou parte do mundo muçulmano com a publicação, em setembro de 1988, da controversa obra “Os Versículos Satânicos”, levando o fundador da República Islâmica do Irão, ayatollah Rouhollah Khomeini, a emitir uma “fatwa” (decreto religioso) em 1989 pedindo a sua morte.
Os investigadores estão ainda a tentar determinar se o agressor, nascido uma década após a publicação do livro, agiu sozinho e o procurador Schmidt aludiu à “fatwa” para justificar o pedido para que não fosse fixada caução.
“Mesmo que este tribunal fixasse uma caução de um milhão de dólares [mais de 974 mil euros], corremos o risco de a caução poder ser paga”, disse Schmidt.