A pesca da sardinha volta a aumentar a partir de domingo, após dois meses de paragem forçada e outros dois com fortes restrições, mas o futuro desta actividade permanece incerto face à escassez de quota disponível.
Em Janeiro e Fevereiro, a captura de sardinha foi suspensa para cumprir um período de defeso biológico, tendo a pesca sido reaberta entre Março e Abril, mas com um máximo de 200 toneladas e limites de “5% do total de pescado capturado e mantido a bordo, até um máximo de 150 quilogramas por maré e por dia”.
A pesca vai poder aumentar em Maio, Junho e Julho, mas ainda com condicionantes para não comprometer os stocks de sardinha, fixando-se um máximo de 500 quilogramas de sardinha de calibre T4, “que pode ser mantida a bordo ou descarregada independentemente da existência de outras classes de tamanho”, obrigando a uma gestão cautelosa das quotas de captura.
“Esperamos que haja sardinha, a bom preço, e se consiga gerir a quota”, disse à Lusa o coordenador da Federação dos Sindicatos do Sector das Pescas.
Frederico Pereira defende que a quota (da ordem das 14 mil toneladas em 2016) deveria ser revista e considerou que as actuais possibilidades de pesca são “nitidamente insuficientes” para satisfazer as necessidades dos consumidores e em termos de rendimento para os pescadores.
“Os pescadores não têm rendimentos concretos desde Dezembro de 2015. Há embarcações paradas desde essa altura”, salientou o sindicalista, explicando que, em 21 meses, os pescadores obtiveram apenas rendimentos da pesca da sardinha durante quatro meses, conseguindo uma compensação extraordinária noutros dois (Outubro e Novembro de 2015).
A federação tem defendido que o Fundo de Compensação Salarial possa abranger estes trabalhadores, mas ainda não há resposta oficial.
Quanto às alternativas à sardinha, como o carapau e a cavala, são também insuficientes para assegurar a sustentabilidade da frota de cerco a médio e a longo prazo, não só por uma questão de preço, mas porque as espécies nem sempre aparecem com a abundância necessária.
“O carapau, por exemplo, é de grande qualidade, mas está a ser vendido a um preço muito baixo”, lamentou Frederico Pereira.
Em 2016, a quota ibérica de sardinha, que será partilhada entre Portugal e Espanha, será de 14 mil toneladas, mas se forem confirmados em Julho os resultados da avaliação do recurso, que apontam para uma recuperação dos stocks, poderá chegar às 19 mil toneladas, o mesmo valor do ano passado.
O Governo está a preparar um novo Plano de Gestão para a pesca da sardinha para o período 2016-2017, em colaboração com as associações profissionais, que vai também considerar os impactos socioeconómicos associados às restrições da captura desta espécie.
(Agência Lusa)